É cada vez mais generalizado o uso dos tradutores
automáticos na Internet. Tempos atrás, passei uma tarde numa biblioteca
pública, porque estava em outra cidade e precisei acessar a web. Todos os
computadores de lá estavam programados para traduzir automaticamente todos os
saites estrangeiros.
O resultado muitas vezes era bem razoável. Basta dizer
que só vim me tocar depois de uns cinco minutos, quando acessei um saite bem
obscuro e pensei: “Peraí. Esse saite tem versão em português?”.
Mas o fato é que continua vigorando o velho princípio de
que a cada tradução se multiplica o “ruído informacional”, ou seja, as palavras
não traduzíveis vão ficando como verdadeiros “caroços” no texto, enquanto
outras são entendidas erradamente pelo robô e viram surrealismo puro.
Para comprovar (ou desprovar) esta minha opinião, vou
pegar estes quatro parágrafos iniciais deste post e traduzi-los sucessivamente
no seguinte percurso:
Português ->
Inglês -> Francês -> Italiano -> Espanhol -> Alemão ->
Português.
O resultado final em português, depois dessas passagens
sucessivas, ficou assim:
O uso de tradutores automáticos pela Internet está se tornando mais
generalizado. Há algum tempo passei uma tarde em uma biblioteca pública porque
estava em outra cidade e tinha acesso à internet. Todos os computadores foram
programados para traduzir automaticamente para todos os estrangeiros.
O resultado foi muitas vezes bastante razoável. Estou apenas dizendo
que não posso jogar até depois de cerca de cinco minutos quando recebi um
quarto muito escuro e pensei: "Aguarde, você tem uma versão em
português?"
Mas o fato é que o antigo princípio continua a multiplicar que toda
tradução do "ruído informacional", o que significa que as palavras
não "core" reais são traduzidas no texto, outras incógnitas do robô e
viram o puro surrealismo.
Para provar (ou refutar) essa visão, vou levar esses quatro primeiros
parágrafos desta publicação e, em seguida, traduzir a próxima marcha (4 que vem
diretamente abaixo dos parágrafos abaixo):
Como se vê acima, mesmo depois de passar por cinco
traduções intermediárias, visitando dois grupos distintos de idiomas
(inglês/alemão de um lado, e os latinos francês/italiano/espanhol do outro), dá
para ter uma idéia muito boa do texto original, e metade das frases não parecem
sequer ter sido traduzidas.
Agora, peguei esta última versão e fiz o seguinte
percurso, saltando entre línguas de origem e estrutura muito diferentes:
Português / Árabe / Gaélico-escocês / Latim / Iorubá / Português.
E o texto final em Português ficou muito diferente:
Para o uso da tradução on-line tornou-se vantajoso. Mais uma vez,
passei a tarde em uma biblioteca pública que estava em outros países e as
capacidades da internet. Isso ocorre porque cada cartão de memória significa
uma vez um estranho
Resultados positivos. Como sofremos cinco minutos depois, você pode
jogar quando você tem um quarto muito escuro, e eu acho, 'versão em português
sua manhã? "
Mas o princípio ainda é verdade que as classificações de tradução
antigas têm o "ruído da mídia" duas vezes. Essas palavras são
traduzidas para o texto não-core e sente que não é branco.
Pode (ou não) Primeiros quatro parágrafos e o processo enviado
(imediatamente abaixo do parágrafo 4 abaixo)
Isso sugere que os tradutores automáticos – o que
utilizei foi o Google Translator – estão avançando muito na questão do
vocabulário, mas ainda patinam quando têm que transpor para línguas de
estrutura sintática muito diferente.
É curioso que um trecho como “Todos os computadores de lá estavam programados para traduzir
automaticamente todos os saites estrangeiros” acabe resultando em “Isso ocorre porque cada cartão de memória
significa uma vez um estranho”.
Há também a questão de certas expressões idiomáticas que
em línguas próximas têm equivalentes próximos, mas em línguas distantes acabam
sendo traduzidas ao pé da letra e geram um “samba do crioulo doido”.
Uma expressão coloquial nossa como “só vim me tocar” (=só vim perceber) rapidamente perde o sentido
depois de algumas transposições.
“E viram puro
surrealismo” acabou resultando no surrealista “e sente que não é branco”. Nota-se que de salto em salto a frase
passou por um dicionário onde “surrealismo”, um termo muito específico,
provavelmente não estava registrado – digamos que tenha sido o Latim ou o
Yorubá.
Tudo isto tem uma grande importância quando se torna cada
vez maior o acesso a publicações de outras línguas com a possibilidade de
filtrá-las através de um tradutor automático. Faço isso às vezes quando me
deparo com links interessantes (cinema, FC, etc.) em japonês ou russo – mas só
para ter uma idéia do que se aborda no saite. Nunca para saber "o que o texto está dizendo".
Mas já vi exemplos de livros em PDF totalmente traduzidos
dessa maneira, obras literárias (romances, contos) cujo resultado está sendo
lido com perplexidade por jovens leitores brasileiros, atônitos diante de
livros de Philip K. Dick em PDF que parecem traduzidos por Zé Limeira.
Olá, Mestre Braulio Tavares. Renovo meus agradecimentos por todas as lições e dicas de leitura dadas no seu recente curso ‘Mergulho no Conto’, na Estação das Letras aqui no Rio. Trago meu comentário ao seu interessante artigo “Um teste com tradutor automático”.
ResponderExcluirMeu velho professor de tradução, Mr. Patrick Finn, escreveu há muitos anos um artigo elucidativo “Through the Looking Glass”, tomando como ponto de partida a frase de José Ortega y Gasset: “Except for scientific works, written in a kind of jargon, no book can be translated into another language.” Tradução do Google Translator: “Exceto por trabalhos científicos, escritos em uma espécie de jargão, nenhum livro pode ser traduzido para outro idioma".
Mr. Finn inicia seu texto assim: “We must take this affirmation with a pinch of salt (a translation from the Latin) or else we will never translate anything except scientific treatises.”
Novamente o Google Translator: Devemos levar essa afirmação com uma pitada de sal (uma tradução do latim) ou então nunca traduziremos nada além de tratados científicos.
Talvez pela dificuldade de traduzir a expressão “take with a pinch of salt”, que deve ser entendida como aceitar com reservas, ficar com um pé atrás, esta última versão não ficou tão boa.
Permaneço fiel ao blog. Um forte abraço do Carlos Augusto.