quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

4053) Dicionário Aldebarã XII (18.2.2016)


(ilustração: Charles Demuth)

O planeta de Aldebarã-5 tem uma civilização influenciada pelos colonizadores terrestres.  Seu vocabulário exprime as características da natureza do planeta e o seu modo de observar os fenômenos da psicologia e da cultura.  Confiram os verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário Interplanetário de Bolso.

“Karyang”: reunião de amigos para relembrar fatos ocorridos muito tempo atrás. “Vuvitos”: xícaras para café ou chá, cujo fundo se eleva à medida que há menos líquido nela. “Arnantrim”: a disposição peculiar dos vasos de plantas numa casa, nas áreas que em alguma hora do dia ou época do ano estarão sendo banhadas pelo sol. “Dalhassa”: escudo quadrado de combate, imantado, capaz de capturar armas inimigas.

“Satonima”: pequena sanfona com poucas teclas, que só consegue tocar meia dúzia de músicas, conhecidas por todos. “Balâmias”: cantigas saudosas onde cada improvisador principia dizendo o nome de sua terra natal e depois tentando encaixar versos com o maior número possível de rimas para ele. “Triamondes”: uma complexa hierarquia de favores mutuamente devidos, que em algumas aldeias chega a ter mais importância do que os laços de parentesco.

“Luhrvins”: sucos de frutas, de cores e densidades diferentes, que são misturados nas jarras e nos copos, visando efeitos cromáticos. “Andigoom”: o uso de bandeiras com símbolos coloridos, hasteadas junto à porteira de entradas das fazendas, para passar recados aos vizinhos. “Gundrillans”: espécie de besouros de carapaça colorida que se movem muito lentamente e são colocados nas paredes para formar desenhos ornamentais que se modificam aos poucos.

“Gampras”: movimentos de dança tradicionais, complexos, que em festas familiares cada dançarino tem que executar no centro de uma roda, acompanhando qualquer música tocada. “Klidudu”: estilo de decoração caseira envolvendo objetos aleatórios arrumados em volta de uma lâmpada que, quando acesa, projeta na parede formas ou palavras feitas das sombras. “Viniloy”: servidores públicos presentes em cada bairro para dirimir questões legais entre as pessoas, através de hipnose coletiva.

“Renevins”: pequenas serpentes domésticas, inofensivas, inteligentes, que ajudam na limpeza de lugares estreitos e de difícil acesso. “Lumlums”: hélices colocadas em pontos estratégicos da casa (janela, portas, clarabóias) para captar as correntes de ar e redistribuí-las, melhorando a ventilação interna. “Abôndis”: testes escolares onde, na hora que toca o recreio, cada aluno só tem direito de sair e brincar se der a resposta certa a uma pergunta feita de improviso pelo professor.




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