(ilustração: www.nationofchange.org)
Os
dados são de 2013-2014, mas os números absolutos não importam muito. Vi-os no
saite da revista Exame (http://tinyurl.com/oyuvsk6),
com dados da consultoria Wealth Insight.
Outras fontes dão outros números, por diferença de metodologia. Uma
fortuna inclui ações e outros papéis (e seu valor momentâneo), participação em
lucros, contratos vigentes, valor de propriedades imobiliárias, etc.
Mas,
resumindo: a matéria diz que o Brasil ganharia 17 mil milionários em 2014, 8,9%
a mais em relação a 2013, que era de 194.300 milionários. A estimativa é de que
com mais cinco anos, em 2018, haja no país um total de 407 mil milionários.
(Como esses cálculos são estrangeiros, imagino que o critério seja o dólar, ou
seja, milionário é quem tem mais de um milhão de dólares, ou 2 milhões e meio
no câmbio atual, mais ou menos). E os bilionários? Cito: “Em 2012, o país tinha 49 bilionários com uma fortuna
combinada de US$ 300 bilhões. Neste ano, o país ganhou um bilionário, mas o
total acumulado entre eles caiu 13,7%, para 259 bilhões de dólares. Eike
[Batista] é responsável por aproximadamente metade desta queda.”
Não
acho, como os anarquistas barbudos, que toda propriedade é um roubo. Vai ver
que uma boa fatia desse dinheiro é dinheiro justo, de quem (pra usar o jargão
vigente) aqueceu a economia, gerou empregos, botou produtos nas prateleiras,
pagou seus impostos. Muitos herdaram
suas fortunas, e, como já disse um aristocrata inglês, “quem herda dinheiro
roubado não roubou”.
Precisamos
de uma revista misturando a Forbes e a Nature, para estudar cientificamente
os bilionários e milionários. Dinheiro transforma a gente. Eu mesmo, quando
estou com a conta bancária cheia de zeros, fico com 10 metros de altura e 900
anos de vida pela frente. Só não saio
voando porque os bolsos estão pesados.
E esses caras? Em que pensam? Que tipo de olhar eles dirigem para os
pobres? (Não falo dos famintos do Sudão ou da Nigéria: falo de mim e dos meus
leitores.) São indivíduos soturnos, misantrópicos, de cérebro lagartiforme,
faturando fortunas a golpes de ambição e de perfídia? São hedonistas construindo palacetes submarinos,
satélites-de-lazer, bordéis repletos de andróides e ginóides? São capitalistas truculentos à velha moda,
esmagando a concorrência, jogando dez mil famílias na miséria enquanto cuidam
da catarata do seu rotweiler? Mistério.
O caso Eike ilustra que bilionário é mais um estado do que um bicho com essência. Além de ser interessante o híbrido da Forbes com a Nature estudar esse magote cheio de putos nos bolsos - haja bolso! -, seria mais instigante ainda que estudasse os que transitaram de nossa condição de pobreza para o panteão dos podres de ricos e vice-versa.
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