Já me bati muito aqui nesta coluna por biografias de autores importantes, não para saber fofocas da vida pessoal deles, mas para entender melhor seu processo de formação literária, suas leituras e assimilações (prefiro este termo a “influências”), o ambiente cultural onde viveram, as idéias com que interagiram.
E também o modo como passaram (quando foi o caso) de autor diletante para autor profissional. Como lidaram com as reações (boas ou más) de editores e leitores, da crítica, da censura, dos colegas. Como encararam seu eventual sucesso ou fracasso.
Uma biografia criteriosa e bem pesquisada nos ajuda a ver como os acidentes de percurso foram dando forma ao jorro de criação do autor, assim como o terreno e as pedras dão forma à correnteza de um rio.
Arievaldo
Vianna produziu agora a biografia Leandro Gomes de Barros – vida e obra,
publicação conjunta das editoras Queima-Bucha (Mossoró) e Fundação Sintaf
(Fortaleza).
Pode não ser a primeira biografia do criador da Literatura de Cordel, mas é a primeira que encontro, e seu grande mérito é o levantamento de dados pessoais de Leandro, através de documentação bem fundamentada. O trabalho solitário e por-conta-própria do autor o levou aos descendentes do poeta, principalmente a sua sobrinha-bisneta Cristina Nóbrega, que deu acesso a uma documentação preciosa.
Pode não ser a primeira biografia do criador da Literatura de Cordel, mas é a primeira que encontro, e seu grande mérito é o levantamento de dados pessoais de Leandro, através de documentação bem fundamentada. O trabalho solitário e por-conta-própria do autor o levou aos descendentes do poeta, principalmente a sua sobrinha-bisneta Cristina Nóbrega, que deu acesso a uma documentação preciosa.
Arievaldo
traça a cronologia básica da vida de Leandro, nascido em Pombal (1865), criado
em Teixeira até os 15 anos, e depois indo para o Grande Recife, onde ficou até
sua morte em 1918. Sem forçar a barra, ele mostra os aspectos autobiográficos
dos seus folhetos, inclusive um interessante paralelo entre o anti-clericalismo
do seu personagem mais famoso, Cancão de Fogo, e a difícil relação de Leandro,
garoto, com seu tutor e tio pelo lado materno, o padre Vicente Xavier de
Farias.
A história editorial dos seus folhetos (que Ruth Terra havia abordado em Memórias de Lutas, Ed. Global, 1983) é um tema fascinante, e difícil de reconstituir depois de mais de um século.
O livro de Arievaldo tem tudo para ser encorpado com novas informações e análises em edições futuras, visto que pesquisas dessa natureza nunca se esgotam. No ano do sesquicentenário do nascimento de Leandro, este livro dá o pontapé inicial para as comemorações de uma explosão da cultura nordestina que só teria paralelo meio século depois, nos anos 1940, com a criação do baião por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
Fascinante! Arievaldo é um artista simples e inteiro. A Obra lançada deveras ser Obra prima! Quanto a tu Bráulio, não há referencias em notas de prata que lhes pague tamanho apreço e sabedoria!
ResponderExcluirQuero agradecer o texto maravilhoso do amigo Bráulio Tavares e o comentário do Jairo Alves. Nada é mais gratificante do que ter a obra lida e divulgada desta maneira. Muito obrigado.
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