Tenho uma má e uma boa notícia. Primeiro a má: os Reptilianos existem. (São aqueles seres possivelmente alienígenas, que se metamorfoseiam de humanos para conviver na sociedade humana, mas nos momentos mais sutis se desmascaram, mostram sua natureza iguana, sua vocação serpente, sua frieza réptil.) Para compensar, digo logo a boa notícia: somos nós mesmos. Ou, como dizia um personagem da tirinha de Al Capp, “they is us”. Eles é nóis.
Minha teoria é de que os Reptilianos não são uma espécie
biológica, algo que se distingue da nossa pela diferença genética. Os Reptilianos são um estado de
espírito. São um software mental, um
conjunto de ações, reações, estímulos, reflexos, impulsos, tudo executado por
humanos biologicamente iguais a nós.
Por nós mesmos, na verdade. Eles não têm o corpo diferente do nosso,
eles têm o corpo da gente, a mente deles é que é outra linguagem, outro
volapuque, outro Fortran.
Eles têm uma moral binária; só enxergam sim ou não, preto ou
branco. (Isso vale para os répteis, mas
não para ao mamíferos, que é o que somos por “default”. Só viramos reptilianos
quando começamos a ver TV.) Eles
dominam um conjunto de algoritmos super complicados que lhes permitem, em
fração de segundo, criar diante de qualquer massa de dados duas categorias
nítidas (sim/não, on/off, etc.) e despejar tudo nesses dois pratos da
balança. No mundo mental deles, tudo
deve ser dividido binariamente, porque na verdade eles são comandados por um
cérebro primordial que divide tudo em “a favor / contra”. O que é a meu favor deve ser preservado; o
que é contra mim precisa ser destruído.
Os Reptilianos derivam com facilidade para o esporte e a
política, duas atividades onde, por mais que haja “áreas cinzentas”, tudo se
decide com resultados numéricos: sim/não, ganhou/perdeu, campeão/vice,
governo/oposição. Uma das frases
preferidas dos Reptilianos, ao discutir, é: “Você tem que optar por um dos
dois, não pode ficar em cima do muro”, porque para eles é imprescindível estar
contra ou a favor deles. Se eles dizem
que a humanidade se divide entre os que gostam de hamburger e os que gostam de
pão francês com bife, você tem (pra eles) a obrigação moral de optar por um dos
dois. Não pode simplesmente dizer que essa divisão lhe parece irrelevante ou
capciosa.
Brilhante!
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