Para os muitos jovens ele é um nome desconhecido, porque suas músicas não tocam mais nas rádios FM nem na TV. Estão na Internet? Sim, estão, mas achar algo por acaso na Internet é o mesmo que achar uma agulha de vitrola num palheiro de irrelevâncias. Para os mais ligados em música brasileira, ele é o autor da uma das marchas-rancho-pop mais cantadas dos anos 1970, “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”. Para quem prestou mais atenção na sua obra, principalmente no seu inquietante primeiro álbum (que teve esse mesmo título), Sérgio Sampaio (1947-1994) foi um desses cantores-compositores surgidos na época da ditadura, cheio de talento imprevisível, de uma simplicidade poética que o colocava meio próximo de Luiz Melodia e Odair José, de uma pegada roqueira que o levava para a praia de Raul Seixas (de quem foi parceiro no projeto “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista”), de uma nunca apaziguada angústia existencial que o fazia ainda tão jovem ter algo do torvelinho dark e inescapável de Torquato Neto ou Nelson Cavaquinho.
Deve
ser difícil encontrar os álbuns de Sampaio, mas sua audição pode ser
complementada pela leitura de um precioso livrinho de análise do primeiro
deles, de Paulo Henriques Britto: Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua (Ed.
Língua Geral, 2009). Mas o que muitos
não sabem é que ele também era compositor de sambas saborosos e sincopados,
pontuados por breques e refrões daqueles que grudam no ouvido.
Coube
a um paraibano recuperar os sambas desse capixaba. Chico Salles, natural de Sousa
e radicado no Rio há mais de 40 anos, é forrozeiro, sambista e cordelista de
primeira água, e nas horas vagas de seu trabalho autoral fez o álbum Sérgio
Samba Sampaio, produzido por Henrique Cazes e José Milton, com participações
especiais de Zeca Pagodinho, Raimundo Fagner e Zeca Baleiro (este último,
aliás, autor de outra compilação póstuma do poeta, Cruel, 2005).
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