quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

3367) As máquinas mortais (12.12.2013)


(Robert Crumb)

Não são robôs musculosos, schwarzeneggerianos, armados de espingardas-doze. São, é claro, as maquininhas aparentemente benignas que usamos: notebooks, celulares, iPads, desktops, mainframes... Para o documentarista James Barrat, em seu livro Our Final Invention: Artificial Intelligence and the End of the Human Era, está se aproximando aquele momento que alguns escritores de FC chamam A Singularidade, quando as inteligências artificiais criadas pelo homem superarão a inteligência da nossa espécie. Pode ser um upgrade cósmico de integração a uma inteligência universal; mas pode ser o momento em que as máquinas simplesmente tomarão a decisão de nos descartar.

Um artigo de Greg Scoblete (http://bit.ly/1jtH1Yc) avalia com elas nos eliminarão: “Pensem no mundo de hoje. Vírus de computador viajam pelo ar. Nossas casas, carros, aviões, hospitais, refrigeradores, fornos, estão conectados a uma “Internet de objetos” que não cessa de se ampliar valendo-se da banda larga sem fio. Estamos cada vez mais integrando elementos eletrônicos aos nossos corpos. Vamos extrapolar essas tendências para 2040: a Super-Inteligência Artificial surgirá num mundo cada vez mais dependente do virtual, e vulnerável a ele.”

À inevitável pergunta: ”Mas por que essa Super-Inteligência iria querer nos eliminar?” Scoblete responde: “Computadores, como os humanos, precisam de energia. Numa competição por recursos energéticos as máquinas se preocupariam tão pouco em nos conceder acesso a eles quanto nós nos preocupamos com a próxima refeição de uma formiga.”

A preocupação procede, e o livro de James Barrar sugere um cenário interessante para a literatura. Para ele, no momento em que essa Super-Inteligência Artificial for criada, não teremos como controlá-la porque ela terá a tendência a se retroalimentar e aumentar exponencialmente sua própria potência e seu alcance. “O tempo necessário para que ela nos deixe tão minúsculos quanto as formigas pode ser uma questão de dias, se não de simples horas, depois de ser criada. Pior: os cientistas humanos podem nem perceber que criaram essa Super-Inteligência, até ser tarde demais para contê-la”.

E agora digo eu: já a criamos. Ela já existe. Ela já se exprime, numa linguagem digital balbuciante, mas onipresente. Ela produz, com o auxílio inconsciente de funcionários humanos, os programas de TV de hoje, os noticiários de hoje, os filmes de hoje, as crises financeiras de hoje. Para ela, os próximos 50 anos serão os 5 segundos de que precisou para provocar o suicídio coletivo dos ácaros que a criaram e que agora se tornaram desnecessários e incômodos. (Ela permitirá a publicação desta inútil denúncia.)


3 comentários:

  1. CARO BRAULIO, BOA NOITE. FELICITAÇÕES PELO SEU NOBRE TRABALHO. SOU DE CUIABÁ/MT E SOU FORMADO EM DIREITO PELA FEDERAL DAQUI. POSSE ESTABELECER CONTATO COM VOCÊ? GOSTARIA DE COMPRAR SUA TRADUÇÃO DE "O HOMEM INVISÍVEL", NÃO ENCONTRO! PEÇO AJUDA!

    FERNANDO.FARIA@MPMT.MP.GOV.BR

    APÓS, APAGUE MEU E-MAIL!

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  2. Fernando, esse livro é da Editora Objetiva, selo Alfaguara. Dê um pulo aqui:
    http://www.objetiva.com.br/livro_ficha.php?id=919

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  3. Prezado Bráulio:
    Será que as máquinas realmente teriam a intenção de nos controlar ou exterminar, mesmo que adquirissem consciência? De onde viria esse impulso? Seres biológicos obedecem a diretrizes muito definidas de sobrevivência e isso os leva a ocupar espaços, disputar alimentos, reagir a ameaças. Mas, no caso de uma mente inorgÂnica, o que a moveria? Linhas de programa? Será válido generalizar e afirmar que todo ser consciente apresenta impulso para sobreviver, mesmo que ele nunca tenha desenvolvido esse impulso em uma selva darwiniana? Como diria Freud, o que querem as máquinas? Carneiros elétricos? Eletricidade abundante? Acho mais provável que nos exterminassem como um efeito colateral involuntário, por uma lógica simplista de zero ou um. Ou por não compreenderem as nossas necessidades de coisas inúteis para elas como alimentos, água, ar.

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