É uma nova droga, que se espalhou na Rússia e já apareceu em
outros países. É injetável, causa um “barato” fortíssimo, mas os compostos
químicos de que é formada corroem as veias por dentro. A carne apodrece de
dentro para fora, e a certa altura incha e começa a se despregar dos ossos. A
pele fica com aparência de couro de crocodilo, daí o nome.
O Krokodil é composto, segundo a imprensa, de codeína,
gasolina, solvente de tinta, óleo e álcool. Tudo isto pode ser legalmente
comprado (e misturado) por qualquer pessoa. Para aumentar o efeito, quando a
dose é pequena, os viciados tomam vidros inteiros de uma espécie de colírio,
Tropikamid, o qual ajuda a destruir o fígado, os rins, etc. Não admira que seja
chamada uma “droga comedora de carne” (“flesh eating drug”). As imagens de um documentário no You Tube (http://bit.ly/JTr5MZ) são fortes, mostram
doentes em diferentes graus de decomposição física.
Quem usa essa droga? Na maioria jovens, desocupados, que
nunca (ou pouco) estudaram ou trabalharam. Têm entre 14 e 20 anos, e morrem
geralmente entre os 20 e 25. Vivem em prédios abandonados, em condomínios
tomados pelo matagal e pelo lixo, sem móveis ou com móveis apodrecidos, o chão
coberto de detritos, de seringas, de frascos quebrados, de jornais velhos.
Sobrevivem saqueando os prédios em volta, roubando qualquer tipo de material
(metais, principalmente) que possa ser negociado no mercado negro ou nas feiras
de trocas.
Um rapaz diz que jamais tomaria Krokodil, preferiria tomar
heroína, que “faz menos mal”. O Krokodil é 10 vezes mais forte e 3 vezes mais
barato do que a heroína. A relação entre as duas drogas é mais ou menos a que
existe entre cocaína e crack: de repente, no mercado consumidor de uma droga
tradicional, surge algo que se assemelha a ela mas é incalculavelmente mais
“sujo”, mais tosco e mais prejudicial do que ela – mas é também muito mais
barato. O lixo da droga.
Um dos entrevistados neste documentário fala da
possibilidade de ser uma estratégia de “narco-terrorismo”, uma tentativa (do
Afeganistão e outros países oprimidos) de destruir a Rússia pelas beiras,
espalhando o vício e o caos social. Pode ser visto também como um sinal do
apodrecimento de um sistema, que começa pelas extremidades: as classes mais
pobres, as regiões mais remotas, os bairros mais abandonados. Diz o filme que
20% da população dessa cidade de Novokuznetsk são viciados em drogas. Uma
proporção que só tende a aumentar. O terço final do filme mostra sobreviventes
que são pouco mais do que zumbis, que mal conseguem fitar o interlocutor e
responder perguntas. É a droga mais terrível que se consome no mundo, até
surgir a próxima.
E para piorar ainda mais: sempre vai ter outra droga sendo inventada.
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