Não vou voltar à lenga-lenga costumeira sobre a luta
darwinista entre o livro digital e o livro de papel. Como gosto dos dois, tento
me adaptar aos dois, mas também exijo que os dois se adaptem a mim, ou seja, ao
leitor. Cada leitor tem suas manias e suas conveniências. Imagino que as minhas
sejam suficientemente coletivas para que a indústria as considere. O que eu
espero, então, do livro digital? (Não entendo como livro digital a simples obra
literária, embora, por extensão, ele possa ser chamado assim. Entendo como o
“leitor eletrônico”, seja Kindle, iPad, ebook, qualquer formato.)
1) Portabilidade. A possibilidade de levar na mochila três
enciclopédias, as obras completas de 20 autores, dicionários, bancos de
imagens, de músicas. O leitor eletrônico deveria poder armazenar todas essas
coisas numa estrutura leve, prática. A portabilidade, aliás, inclui uma bateria
que dure muitas horas. Ficar preso umbilicalmente a uma parede deve ser a
exceção, não a regra. 2) Resistência. Me lembro da propaganda dos livros de
bolso da TecnoPrint, lá por 1960, que dizia: “Você pode ler na cama, levar no
bolso, jogar no chão: são resistentes e belos...”. O livro eletrônico está
longe desse grau de resiliência. Não que eu vá jogar no chão, mas livro é algo
que de vez em quando cai sozinho.
3) Busca. Seria bom termos não apenas a busca por palavra ou
frase no livro que está aberto na tela, mas, se necessário, no material armazenado
no próprio leitor eletrônico, ou no pendraive que estamos acessando. Já tem?
Que bom. 4) Aparência visual. Alguns
amigos meus discordam, mas eu gosto que o texto eletrônico reproduza (se
quisermos) a aparência visual da folha de papel de um livro, levemente
amarelecida, com uma mancha gráfica semelhante, diagramação, pequenos detalhes
(posição do número de página, etc.). Não acho que seja pedir muito. 5) Mudança de visual. Uma das maiores
conquistas do texto eletrônico é a possibilidade de mudar a letra (a fonte) de
tamanho, de cor, etc.; de explorar o contraste entre a cor da fonte e a cor da
página; etc. Isso descansa a vista (pelo menos pra mim) e renova o interesse.
Concordo com seis de sete requisitos, me oponho ao número seis. Acesso à Web não é algo presente na versão física, tampouco deve estar presente no leitor eletrônico. A tentação em dispersar por um emaranhados de links é grande demais, haja disciplina para não descambar em um assunto totalmente alheio ao vagar pela Wikipédia.
ResponderExcluirA nota de rodapé já é algo debatido, por tirar o leitor do texto, e você ainda pede uma caixa do google? Melhor ater-se à obra do autor, que é apenas o que está no texto.
ResponderExcluirOk, concordo. Qual a sua escolha? Acho que nenhum atende a todos os itens, fico com o Kindle.
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