(by plaxma)
Cap. 1 – De como Tambarú Zumbiterrâneo só teve sua infância
revelada publicamente quanto contava mais de 40 anos, portanto somente então se
soube que foi uma infância igual a qualquer outra.
Cap. 2 – De como a primeira coisa insólita que ocorreu em
sua vida foi quando aos 18 anos aproximou-se de uma batida de carro, viu um
rapaz morto, percebeu que estava vivo, e nunca mais foi o mesmo.
Cap. 3 – De como ele pareceu adquirir uma consciência
multidimensional e uma intuição ortogonal em relação ao mundo biológico, e
tentou expressar isto através da obra de uma banda punk chamada Agulhas
Negras.
Cap. 4 – De como ele devorou toda a obra de Lovecraft
durante uma hepatite, fez-se tatuar à medida que ia lendo cada capítulo do
I-Ching, descobriu um sistema confiável para ganhar no pôquer, escreveu um
manual astrológico inventado que vendeu assustadoramente bem, pagou micos em
público por causa de bebuns e bumbuns, passou triscando numa gringa saradona
que quase topa financiá-lo.
Cap 5 – De como certo dia abriu-se a janela de uma casa
quase em frente ao bar e surgiu uma moreninha de peitinhos retesos numa
semiblusa que se apoiou nos braços, cruzou-os, descruzou-os, deixou-se ver,
cruzou o olho com o dele, ferrou-o em brasa e sumiu.
Cap. 6 – De como ele foi imediatamente bater à porta,
chamou-a na calçada e num piscar de olhos estavam com tudo acertado, coisa rara
nos dias de hoje.
Cap. 7 – De como ela revelou talento para lidar com
dinheiro, quando ele jamais tivera nem uma coisa nem outra, e logo os dois
decidiram criar juntos um websaite com blog, uma revista em quadrinhos, um CD
de raga-noir indiano fake e um husky siberiano chamado The Thing.
Cap. 8 – De como eles espremeram até a última gota a esponja
empapaçada do mercado alternativo dessa área temática a que chamavam “as mil e
uma noites marcianas”.
Cap. 9 – De como eles ralaram, sorriram, brigaram, beberam,
se desuniram, tergiversaram, faltaram com a mais elementar sensatez humana,
traíram e se traíram, se arrependeram e se torturaram, trincaram dentes,
continuaram.
Cap. 10 – De como um deles soube um dia o que é estar entre
dez mil pessoas e ver todas elas à espera da sua palavra, do seu gesto.
Cap. 11 – De como outro deles encontrou, num momento de
sombra, de silêncio, de solidão, alguma coisa que buscara a vida inteira.
Eu leria um romance com essa pegada! Hehehe...
ResponderExcluirGostei de todos os capítulos, mas gostei mais desse (embora seja o menos sarcástico de todos e talvez até mais lugar-comum em relação à bem construída ironia dos demais):
Cap. 11 – De como outro deles encontrou, num momento de sombra, de silêncio, de solidão, alguma coisa que buscara a vida inteira.
Cada capítulo é uma história por si só, Kyanja. Como a vida é curta, o jeito é fazer romances de uma lauda...
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