As autoridades da Suécia estão inaugurando uma experiência de engenharia social (existe este termo?) para organizar certos setores de estudo, trabalho, etc. em função dos nossos diferentes ciclos de atividade biológica. Há pessoas que acordam a mil por hora, com a corda toda, e às 10 da noite já estão cabeceando de sono; e pessoas que se arrastam para fora da cama, de manhã, como trapos embrutecidos, mas vão ganhando forças ao longo do dia, e depois da meia-noite são capazes de qualquer façanha intelectual (sem falar nas outras). Por que isto? Dizem os cientistas (não só os suecos) que existem dois tipos de pessoas a que eles chamam “A” e “B”. A pessoa tipo “A” tem um ciclo biológico de 23 horas; a pessoa “B” tem um ciclo de 25 a 27 horas. São estas pessoas “B” que são mais produtivas no final do dia e acordam com sacrifício.
Erika
Augustinsson é vice-presidente da B-Samfundet (“Sociedade B”), um movimento que
pretende abrir espaços para que as pessoas com estas características (e que
talvez sejam uma minoria) possam estudar e trabalhar em horários mais adaptados
ao seu ciclo de atividade. Pessoas B
(como é o meu caso, aliás) são frequentemente chamadas de preguiçosas porque
têm dificuldade de acordar cedo para ir à aula ou ao trabalho. (Curiosamente,
quando elas estão acordadas na madruga, com todas as turbinas mentais ligadas
na potência máxima, ninguém vê, porque está todo mundo dormindo.)
Diz
Erika: "Nosso objetivo é acabar com as rígidas disciplinas de horário da
sociedade industrial, em que todos chegam ao mesmo tempo e saem na mesma
hora". A industrialização exige a uniformização, ou seja, todo mundo
chegando e saindo ao mesmo tempo, todo mundo se comportando de maneira ordenada
e previsível. Exceções não são bem
vindas, porque para lidar com elas é preciso criar e manter diferentes
cronogramas, e isso atrapalha a Produtividade (essa deusa grega invisível, que
só se deixa perceber pelas benesses que distribui aos seus sacerdotes).
O
esquema vai ser inaugurado com uma escola secundária de Gotemburgo, que a
partir de setembro oferecerá turnos opcionais entre as 20 e as 8:00 horas. Eu sempre fui um aluno medíocre quando
estudei de manhã, e minha melhor fase estudantil foi quando passei para o turno
da noite. Ainda hoje, sair da cama é como escalar um penhasco, mas depois que
anoitece a única coisa que peço é que não me atrapalhem, porque preciso
recuperar o tempo perdido. Assim como muita gente já conseguiu trabalhar em
casa (sem perder 3 ou 4 horas no trânsito), muita gente pode vir a conseguir essa
coisa tão simples: ser aproveitado durante o seu melhor momento.
Olás.
ResponderExcluirSe uma iniciativa dessas chegasse por aqui eu adoraria, acho que muitos estabelecimentos adeririam também, diversos serviços ficariam mais acessíveis.
Tenho acompanhado seu blog.
Parabéns pelos textos.