Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
2843) Obsolescência (13.4.2012)
Uma página interessante faz uma avaliação do grau de obsolescência de vários tipos de controles e consoles para games, desde os mais antigos. Christian Sandvig (http://bit.ly/Iu8p6J) é professor de “Tecnologias da Comunicação e Sociedade” na Universidade de Illinois, e comenta: “Minhas tecnologias tornaram-se obsoletas, em sua esmagadora maioria, devido a avanços tecnológicos ou a defeitos. Além disso, algumas se tornaram obsoletas devido ao aparecimento de produtos mais atraentes injetados no mercado pela cultura de consumo intenso cada vez mais presente nos EUA. Concordo com quem diz que as tecnologias estão sendo substituídas muito antes de se tornarem de fato obsoletas. Um bom exemplo disso é quando Slade diz que telefones celulares fabricados para durar cinco anos estão sendo descartados depois de dezoito meses”.
Pode-se “tomar o pulso” do descontrole industrial de uma civilização quanto ela vai na direção de um destes extremos: 1) ser incapaz de substituir produtos obsoletos por produtos novos que cumpram bem a função; 2) aposentar cedo demais produtos ainda válidos, simplesmente para convencer o consumidor a comprar um produto novo do qual ele, na verdade, ainda não precisa. No primeiro caso, a economia vai mal porque está lenta, preguiçosa, recessiva, ou então não tem o know-how necessário para resolver seus próprios problemas. No segundo caso, está acelerada demais, como uma pessoa que tomou estimulantes em excesso e perdeu a capacidade de administrar direito o que faz.
Diz Sandvig: “As empresas que produzem eletrônicos deviam ser obrigadas pelo governo a oferecer algum tipo de subsídio para motivar e ajudar o comércio num plano de recolhimento e reciclagem do lixo eletrônico. Até mesmo o consumidor poderia ganhar um pequeno desconto na compra de um equipamento novo se trouxesse o equipamento velho e o devolvesse. Isto manteria o fluxo da inovação tecnológica, diminuiria o lixo eletrônico, e manteria satisfeitos os consumidores”. É um ponto de vista correto, mas parece mais próprio da sociedade norte-americana. Aqui no Brasil, pela minha experiência, um eletrônico só vai pro lixo quando já deu tudo que tinha que dar. Televisão, celular, notebook, monitor de PC , tudo isso é repassado para outra pessoa (filho, pais idosos, amigo, empregada, porteiro do prédio) quando a gente compra um novo. A obsolescência é gradual – quando a gente está com mais grana, compra um modelo novo, e repassa o antigo para quem não pode comprar. A ida pro lixo não é imediata, é o fim de uma longa cadeia de presentes ou de transações informais, numa sociedade de classes mais próximas e mais permeáveis.
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