Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
domingo, 18 de dezembro de 2011
2743) Novos milionários (18.12.2011)
Sete mil novos milionários por ano. Esta é a quantidade que o Brasil produz, segundo a revista Forbes. Um artigo recente (http://tinyurl.com/7po2pzb) dessa revista nos adverte, contudo, que eles são milionários em moeda brasileira, pois o seu valor em dólares é algo em torno de 540 mil. Para um país do BRIC não está nada ruim, embora faça lembrar a frase (não sei se é de Gandhi ou do Dalai Lama) de que alguns países produzem riqueza e outros produzem ricos. O Brasil, amigos, está botando rico pelo ladrão.
A Forbes lembra que a estatística, que na verdade fala em 19 milionários por dia, levou em conta todas as riquezas do indivíduo: investimentos, propriedades, poupanças e outros ativos, além de dinheiro em caixa. E diz que o Brasil tem atualmente 137 mil milionários e cerca de 30 bilionários, de acordo com a lista elaborada pela própria revista em 2011, sendo que 70% da riqueza do país estão concentrados em São Paulo e Rio de Janeiro. (Imagino que este número se refira à riqueza desses banqueiros e altos executivos, não à riqueza do país como um todo.)
O engano mais frequente em torno dos milionários é pensar que todo sujeito rico conquistou esse dinheiro roubando. Errado. Muitos enriquecem honestamente, e a única crítica que se pode fazer a sua fortuna é que foi obtida através da exploração do operariado, do crescimento desenfreado dos bancos e das multinacionais, etc.; mas o trabalho dele, em si, não envolveu corrupção ou apropriação indébita.
Essa é minha dúvida principal, porque um corrupto, traficante, contrabandista, gangster, etc. desfruta, é óbvio, de uma riqueza indevida. Mas o que dizer de um gerente de conglomerado financeiro que ganha um milhão por mês? É o salário dele, pagam-lho porque acham que o merece. É um pouco como salário de jogador de futebol. Eu não consigo encontrar uma relação concreta entre os salários sauditas que esses atletas ganham e o futebolzinho bambala que jogam. Mas se os próprios patrões concordam em pagar isso, problema deles.
E volto à questão. É possível, talvez, ser um funcionário honesto (dedicado, ético, que age estritamente dentro da lei) num conglomerado financeiro. O problema é que um conglomerado financeiro é, no mundo de hoje, algo comparável ao conglomerado celular popularmente conhecido como “câncer”. Suas intenções podem até ser as mais angelicais possíveis, mas seu funcionamento é predatório, suicida, e tende a destruir o organismo onde habita. É possível ser correto no interior de um sistema que age de forma incorreta? Até que ponto a surrada justificativa do “estou apenas cumprindo ordens” os absolve das fortunas que ganham?
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