Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
domingo, 26 de junho de 2011
2593) Contracapa de iPhone (26.6.2011)
(www.imagesavant.com)
& resposta que não produz novas perguntas não vale a pena
& poesia é como suco de laranja, é tudo uma mesma coisa mas cada copo tem um sabor personalizado
& quem inventou uma molécula pela primeira vez sentiu-se um Deus desse tamanhinho
& tempestades, raios, tsunamis, terremotos, vulcões, são os naipes da orquestra de um Deus entediado e wagneriano
& conseguiremos um dia fabricar máquinas defeituosas que consertarão a si mesmas?
& se eu deixar de fazer verso, cabou-se o mundo pra mim
& ficar rico é uma ilusão, porque não há um momento em que se diga “pronto, acabou!”
&um relógio movido a chuva, outro movido a sombra, outro movido a silêncio
& um software chamado Windows Ovni Maker
& mulher chama aquilo de ninho-de-amor, homem chama aquilo de matadouro
& uma chuva de derreter locomotivas
& um dragão com três asas, marginalizado como monstro
& um dia ainda vamos tentar curar resfriado com anagrama e dor de dente com bússola
& coração que merece uma condecoração por serviços prestados & minha maior qualidade é ausência de ambição, meu maior defeito também
& pode-se medir a idade mental de uma pessoa perguntando se ela escova os dentes por obrigação, por consciência ou por hábito
& carisma é uma espécie de alma que uns têm e outros não
& uma hidra com muitas cabeças cujo veneno está na cauda
& a História é uma lista do que sobrou boiando depois dos grandes naufrágios
& crocodilo japonês dizendo “aligatô”
& a peleja da cobra criada com o cachorro doido
& o amor é a arte de adivinhar o momento do relâmpago para fotografar sem flash
& verdadeira originalidade em literatura seria inventar (e consagrar no uso) uma letra a mais para o alfabeto
& certas mulheres se apaixonam por um troglodita, dedicam sua vida a transformá-lo num civilizado, e depois o traem com outro troglodita
& todo mundo me pergunta, e eu não tenho a quem perguntar
& quem sabe um dia a gente possa combinar coincidências, agendar imprevistos e sintonizar emoções
& perdeu-se um capítulo no meio do romance dele e até hoje ninguém reparou
& sou um mastim furioso tentando me devorar
& a vassoura da bruxa, o guarda-chuva de Mary Poppins, o raio de luz de Einstein
& durante o tratamento de canal ele repassou na memória o Canto IX dos Lusíadas
& dar independência a alguém é reafirmar sua dependência eterna
& se o sol não nascesse amanhã, continuaríamos todos dormindo, e as flores sem murchar?
& literatura é como o dinheiro, que em cada país muda de nome, de rosto e de valor, mas não de essência
& todo beijo é uma aventura, uma revelação, uma negociação e uma nota promissória
& um software chamado Maestro Eletrônico que afina e equaliza todos os canais de uma mesa de som
& um chiclete cuja parte doce estivesse guardada no final
& grupos musicais com formação alfabética: cavaquinho, cello, clarineta e cravo; ou piano, pandeiro, pífano e palmas
Olá, Bráulio Tavares.Adorei o seu blog!Assim que puder visite também o meu blog de poesias.
ResponderExcluirUm grande abraço!
Braulio, vc sabe o que sinto pelas suas contracapas (e onde gostaria de vê-las tuitadas). venho a elas como num pesque-pague, com a expectativa de encontrar peixes que nunca vejo noutras águas. "Carisma", por ex, não consegui devolver pra marola donde saltou. Gracias pelo baita prazer de ler vc, grande abraço.
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