Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
2213) Contracapa de Kindlebook (11.4.2010)
& onde andará o charuto que o Viajante no Tempo mandou para o futuro? & vivo fazendo malabarismo com três bolas de bilhar, uma pena, uma xícara cheia de café e um jornal & eu penso dez vezes antes de tomar uma decisão e são dez coisas diferentes & é o tipo do cara que picha frases de protesto na parede do próprio apartamento & metralhadora com console de game embutido na coronha & o melhor instrumento é o piano, basta clicar nas notas prontas & quando o primeiro bisão foi desenhado na caverna os conceitos de verdadeiro e falso perderam todo o sentido & tem coisa que cabe num copo e vale mais que um oceano & uma rabeca parece mais com uma pessoa do que com um violino & uma chave em brasa enfiada na fechadura & um sarau de perucas, espinetas, librés, candelabros e caninos ensanguentados & uma cápsula do tempo em que fosse impossível entrar ou sair mas os viajantes pudessem ver e ser vistos & casamento é um carro com dois volantes & deve fazer uns dez anos que nenhum poeta brasileiro descreve um pôr-do-sol & no Juízo Final será descoberto que os personagens de livros e filmes também tinham almas imortais & na velhice a gente abandona os juízos de valor e se consola comparando estatísticas & eu lhe enrasco com um ser onipotente, onisciente, onipresente e sempiterno & quando Robinson Crusoe viu aquela pegada na areia pensou: “tava bom demais pra durar” & uma civilização de alquimistas nos esgotos da metrópole transformando merda em chumbo e enviando-o para que os da superfície o transformem em ouro & e tem a mulher spam, aquela que sai se oferecendo a todo mundo porque um dia alguém clica & um cravo-bem-temperado tocando sozinho no estacionamento do shopping & um dado com um hexagrama em cada face & dizem que o melhor remédio para gagueira é mandar fazer chá de ipecacuanha & ainda hoje não sei se para um trem os trilhos representam liberdade ou opressão & um ilusionista que fazia desaparecer o dinheiro do bolso dos espectadores & certas democracias são como um aeroporto com movimento de check-in e lojas, mas sem aviões partindo e chegando & uma mulher usando uma barba falsa para não ser reconhecida & granizo de meteoros, crisólitos em pepitas chuveirando do céu & ao entardecer, a vela da jangada era uma lua em quarto crescente pousada no verde do mar & era um lambe-lambe mambembe, uma trupe mulambenta e carroceira anunciando o Paraíso Final & sair na rua num escafandro com ar condicionado & mais difícil do que uma corrida é uma caminhada de obstáculos & um país de bandeira transparente, e de um hino sem versos e sem sons & o perigo é o que ocorre nos terrenos baldios da imaginação depois que a lógica apaga a luz & um personagem como um poliedro irregular, cada face um polígono diferente & é o tipo do jogador que basta receber a bola para quedar-se pensativo & só inspira respeito e lealdade quem é capaz de inspirar um pouco de medo &
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