Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
domingo, 30 de maio de 2010
2093) Contracapa de torpedo (22.11.2009)
(www.imagesavant.com)
& Hitler, Buffallo Bill, Salvador Dali, Nietzsche, Billy Blanco, Stálin, Cantinflas: o bigode como assinatura & o câncer é a vingança do cigarro & existem feiúras agradáveis e belezas repulsivas & uma piscina sob o tapete & os punhos fechados, os olhos abertos, o coração abrindo e fechando & o ciúme é a soma do medo de perder com a raiva de dividir & viver com um artista é como morar num prédio de Niemeyer & a beleza do mundo está na lente dos óculos & a síncope musical é como uma coluna arquitetônica sem o seu terço médio & quem vê a laranja intacta não conhece a laranja & o tempo não é linear como o espaço, é turbulento, caótico, probabilístico, browniano & formigas de aço cortando e carregando folhas de plástico & precisa uma cama com oito pés, porque o rojão aqui é pesado & por que não temos cinemascope na vertical? & estruturalisticamente, é demonstrável que os quatro evangelistas mais divergem do que coincidem & purpurinas verbais, lantejoulas estilísticas, silicones narratológicos, e uma cadeira na ABL & desligo a televisão com a mesma angústia com que fecho uma janela em pleno dia & minha memória é um campo minado onde nunca sei que lembrança aleatória vai fazer meu dia voar pelos ares em estilhaços de culpa e expiação & a toda hora tem um mistagogo enfiando uma falcatrua nas entranhas do país e arrebanhando o ouro gordo da sua boa fé & ao invés das artes de Marte quero mil vezes os venenos de Vênus & fazer uma pergunta é criar uma porta; fornecer uma resposta é abri-la & eu queria a glória dos Irmãos Lumière, aquela de criar, mesmo sem crer & um jogo de sinuca bidimensional, com círculos que se entrechocam e ao atingirem o lugar correto transformam-se em esfera e rolam pelo papel afora & nem mesmo as anêmonas de amônia que nadam nos gases de Júpiter estão livres do medo, da esperança, da solidão e do amor & perdido no deserto, e a única sombra à vista é a minha, que não pode me abrigar & um inferno composto de quartos úmidos, inverno sem fim, cinzeiros cheios e café frio & às vezes é melhor declarar guerra a um país vizinho e alistar os criminosos & com quantos círculos se pode preencher um círculo maior? & a polícia só toca a campainha ao amanhecer & esquecer não é deletar, é diluir & em que ano será implantado o primeiro controle remoto de TV subcutâneo? & espatifou um cálice entre os dedos cerrados e só percebeu no dia seguinte & quando um notório mentiroso diz uma verdade evidente, qual dos dois contamina o outro? & um homem com teclas de piano no lugar dos dentes & sim, eu sei que o prédio está se incendiando, mas não tem quem me faça sair de casa com os cadarços desamarrados & a rã salta no poço há mil anos presa no loop de um poema & não se pode acertar sempre, mas não se deve errar tanto & um país pode enlouquecer sem que nenhum dos seus habitantes o perceba & o ser humano come realidade e bebe fantasia &
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