Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
2000) Contracapa de Facebook (6.8.2009)
(Algorithmic Art)
& mais alto do que essas torres? a fumaça dos seus incêndios, a poeira das suas quedas & dinossauros de vinil pastando jornais impressos & na TV apagada o reflexo de uma luminária acesa e de um homem olhando para a tela & Deus católico esculpido em madeira africana e pendurado na sala de um executivo ateu & toda vez que eu vejo um frigobar de hotel penso que tem um anão escondido lá dentro & daqui a cem anos as únicas coisas verdes na paisagem serão as garrafas pet & as pessoas são os olhos com que as casas observam as outras casas & assoletrando a cabala dos talibãs da Catalunha & quando a infância triunfar sobre os adultos... miserere nobis! & seres algorítmicos fatiados em ressonância magnética e ficcionados em GPS & cada bolero que eu canto reforça tudo que eu sinto e entorta tudo que eu sou & a premissa dela era um carnaval com hierarquia e depois tchau & por mais que Freud se barbeasse, a barba no espelho voltava a crescer & canário cantando num fio desencapado & vale a pena me arrastar pelo cimento para recolher cada ponta de cigarro, cada borracha de chiclete, cada papel amassado, e erguer meu castelo indestrutível, baseado no lixo do que eu sei & apertar no lugar certo, ferir na medida certa, lições de tocar violão & um albatroz tentando voar mas com um poeta pendurado ao seu pescoço & no fundo, para Neil Armstrong voltar foi mais importante do que ter ido & é o tipo do compositor que ao morrer vai deixar umas dez sinfonias inacabadas & um prisioneiro olhando as grades da cela e todo dia compondo mentalmente um problema de palavras-cruzadas & um Mito é um fato verbal reiterativo e auto-referente que finge reportar-se a uma instância factual externa a si mesmo & foi-se aquele tempo em que bastava a um príncipe conduzir um falcão no punho semi-erguido e de repente gritar-lhe: “Vai!...” & às vezes uma mulher precisa mais de um bom xale do que de um marido & “isto aqui não faz mal à saúde”, dizia ele, “complementa o metabolismo” & o caba que não tem moral nem o cursor obedece & meu corpo é uma vaca, resignada na fila do abatedouro, minha alma é um passarinho, impaciente para ascender aos portões de ouro & um rosto sem rugas é um livro sem linhas & condenado a prisão perpétua usando um piercing radioativo & o mágico puxa da cartola uma longa chaminé que enche o circo de fumaça negra & um navio que naufraga entre o porto e o horizonte & se Napoleão invadisse a Rússia sozinho talvez eles tivessem incendiado Moscou do mesmo jeito & todo filme preto-e-branco é feito de grãos de café e grãos de açúcar & a água que entrou no Titanic daria para apagar o fogo que envolveu o Hindenburg & o dragão negro bebeu a água do rio e mastigou os barcos como se fossem de chocolate & não me venha com filosofismas senão eu lhe pespego um energumento em pleno córtex epistemológico! & pois é, futebol de hoje: muito carrinho e pouca bicicleta &
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