Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
1978) Os jogos simétricos (11.7.2009)
Não deve ter escapado à maioria dos torcedores a curiosa simetria de resultados nos dois jogos da semana passada, realizados em Porto Alegre. Na quarta-feira, o Internacional recebeu o Corinthians para decidir o título da Copa do Brasil. Na quinta, o Grêmio recebeu o Cruzeiro, na decisão da semifinal da Copa Libertadores da América. Os dois times gaúchos estavam em desvantagem, pois ambos tinham perdido o primeiro jogo para seus adversários por dois gols de diferença: o Corinthians vencera em São Paulo por 2x0, e o Cruzeiro vencera o jogo de Belo Horizonte por 3x1. Mesmo assim, tanto os colorados quanto os gremistas tinham esperanças justificadas, pois bastaria vencerem por 2x0 (no caso do Grêmio) ou por 3x1 (no caso do Inter) para ganharem a disputa. Resultado normais em jogos entre equipes equivalentes.
Na quarta-feira, no entanto, o Corinthians desmantelou as esperanças do Inter logo no primeiro tempo, quando marcou dois gols e aumentou sua vantagem acumulada nos dois jogos para 5x1. Mesmo sendo um dos melhores times brasileiros do momento (na minha opinião), o Inter não tinha como tirar uma diferença tão grande em 45 minutos, enfrentando um time tão bom quanto o seu. Ainda assim, conseguiu fazer dois gols no segundo tempo. O jogo acabou 2x2, e o Corinthians foi campeão com o placar acumulado de 5x3.
Imagino as gozações que os torcedores do Grêmio fizeram durante o dia seguinte, zoando dos derrotados e esperando a noite, quando teriam a chance de ganhar do Cruzeiro e completar a festa. Quando a bola rolou, parecia um VT do jogo da véspera. O time visitante, que já entrara em campo com vantagem de dois gols, fez mais dois no primeiro tempo e foi para o intervalo com vantagem de quatro. O Grêmio, abatido, jogou no segundo tempo sem muita esperança de vitória, apenas para honrar a camisa. Fez dois gols; empatou o jogo em 2x2, mas saiu tão derrotado quanto saíra o Inter na véspera.
É muito raro que duas partidas importantes, na mesma cidade, em dias consecutivos, envolvendo dois times rivais, tenham uma marcha do placar absolutamente idêntica. Até mesmo no detalhe de que o último gol de cada jogo foi marcado aos 30 minutos, o que daria tempo, teoricamente, para que o time em desvantagem fizesse, nos quinze minutos que restavam, os 3 gols de que precisava para vencer a disputa. Não aconteceu, claro. Os visitantes souberam administrar a vantagem que tinham. Corinthians e Cruzeiro ganharam com méritos, principalmente o primeiro, considerando-se que o time do Inter é muito superior ao do Grêmio.
Jung falava em sincronicidades – coincidências significativas e inexplicáveis. Mais do que isso, no entanto, às vezes me parece que a vida é um poema rimado. Simetrias improváveis aparecem quando menos se espera, e nos dão a impressão de que vimos a repetição de um padrão, de um ornato, a justaposição de duas coisas que alguém tornou iguais porque isso lhe dava algum tipo de prazer estético.
E a sincronicidade do futebol gaúcho agora está quase completa com o descenso do colorado, só lhe falta ser campeão da série B, como o rival.
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