Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
terça-feira, 27 de abril de 2010
1966) Contracapa de email (27.6.2009)
& um dragão de papel que bota fogo pela boca & se um historiador do século 22 nos visitasse só faria perguntas que acharíamos idiotas & o futebol suíço é ruim daquele jeito porque lá é falta de educação pisar na grama & acordo com 90 anos e vou rejuvenescendo ao longo do dia & você só levanta um muro bom se der um nome e uma biografia a cada tijolo & um condomínio com grades em vez de paredes e pisos & com aquela cara de pária que foi parar em Paris & a tapioca ainda será a nossa pizza & um astronauta aborígine levando no capacete a gravura de um animal totêmico & assim era Penélope, bordadeira de dia, tesoureira de noite & tão banal como o som de fogos de artifício & um dia os bares serão ocupados apenas pelas estátuas em homenagem aos famosos que os frequentaram & ali, se um médico esquecer o bisturi dentro da paciente ele a denuncia por furto & a pata de uma ave guardada num bolo de aniversário & é melhor se arrastar ladeira acima do que rolar ladeira abaixo & um teclado eletrônico de vogais e consoantes & um escultor de sobremesas trocando idéias com um caçador de aviões submersos & um profeta é alguém que está olhando para o alto de um prédio e diz que daí a pouco vai aparecer algo na calçada & uma mulher com know-how de profissional e coração de amadora & a arte de pentear cometas & um daqueles coronéis que só são derrotados pelas coronárias & deviam inventar um telefone cujo toque sugerisse boas notícias & daqui a cem anos a América do Norte será habitada por um bilhão de chineses falando inglês estropiado & ele se dedica a fazer a volta ao mundo em bicicleta ergométrica & uma mulher vestida apenas com a minha fantasia & é mais fácil adquirir um produto do que ter uma idéia & quem nunca construiu uma casa popular que coloque a primeira pedra & literatura é fazer gol de placa num treino com estádio vazio & uma ampulheta e uma clepsidra usam cadências diferentes para marcar o mesmo tempo & a peleja da pirâmide com a floresta & é mais simples teorizar a prática do que praticar a teoria & botaram a Mona Lisa de bigodes no lugar da verdadeira e se alguém reparou não teve coragem de comentar & uma estátua nadando de olhos fechados & pássaro com asas de páginas & um mágico que só soubesse fazer aquilo de verdade, e fosse incapaz de fazer o truque & um CD-pentimento que a cada audição tocasse músicas mais antigas & um filme projetado nas pás de um ventilador & a banda tocando dentro do elevador de serviço e a platéia subindo correndo as escadas & depois da meia-noite, de cem em cem metros naquela avenida se desce um degrau na pirâmide sociológica & minha vida é meus baratos & quem será que vai morrer hoje? & até as pedras se encontram e até as águas se apartam & uma xícara cheia no fundo do mar & lençóis de mármore, almofadas de granito e o sono feliz da eternidade & viajar mil quilômetros, beijar teus pés e voltar &
"É mais fácil comprar um produto do que ter uma idéia" é aquela frase tópica que algum empresário suicida deveria pagar para estampar em out-doors por aí.
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