segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

1690) O fim de “Found” (12.8.2008)



Leitores da revista Wired no mundo inteiro estão lamentando em blogs o desaparecimento de uma das suas seções mais interessantes, principalmente para quem é leitor de ficção científica. Era a última página, sob o título “Found” (aproximadamente: “objeto encontrado”). Eram objetos aparentemente do futuro, que teriam sido descobertos de forma inexplicável. Tudo não passava de uma brincadeira criativa, mostrando engenhocas de uso cotidiano que talvez venham a existir dentro de alguns anos ou décadas. Alguns eram bizarros, outros eram plausíveis, alguns certamente impossíveis de existirem um dia, e outros nos davam uma dorzinha de nostalgia: “Ô meu Deus, era tão bom se alguém inventasse isso...”

Os objetos eram criados num Photoshop, e exibidos como se fosse uma foto digital feita casualmente por quem os descobriu. Um leitor do saite Metafilter deu-se o trabalho de linkar a maior parte desses objetos aqui (http://www.metafilter.com/73510/Artifacts-from-the-Future). Há por exemplo “Diaper”, uma fralda eletrônica que comunica e analisa tudo que acontece lá dentro (“Urinanálise – Nível de hidratação: Baixo. Análise de cocô – Proteínas: Normal. Fibras: Baixo” – etc.). Tem o curioso “Love Tester”, um aparelho parecido com um fliperama onde o sujeito coloca a palma da mão, tem seu DNA examinado, e vê sua proficiência sexual medida numa escala decrescente que vai de “Casanova” até “Eunuco”.

“Contact Lens” infelizmente não dá muitos detalhes, mas vemos uma ponta de dedo, gigantesca, segurando aquele circulozinho translúcido onde é possível perceber uma porção de números digitais indicando hora, temperatura, etc., e a caixa do produto anuncia: “Agora com Google!”. Quem me dera. Também fiquei curioso (as fotos não permitem ler as letras muito miudinhas) em saber mais detalhes sobre a “Responsibeer”, a cerveja responsável, cujo rótulo anuncia ser ela “auto-resfriante” e indicar a temperatura naquele momento; e há um contador no rótulo que parece prevenir o motorista, em tempo de Lei Seca, de quanto lhe falta para ultrapassar o limite permitido.

Nem todas as descobertas são propriamente engenhocas high-tech. Há, por exemplo, o divertido “Horóscopo” com conselhos futuristas para todos os signos, como “pegue um vôo estratosférico para Veneza antes que ela afunde”, “seu Dreamcatcher Sony captou algumas imagens estranhas”. Há em “Bookstore” uma prateleira cheia de livros de auto-ajuda, cujos títulos refletem a sociedade futura: Os Sete Hábitos dos Cyborgs Altamente Eficientes, A Dieta do Homo Sapiens Superior – Por que os pós-humanos não engordam, Uma História Breve dos Blogs, e de Por Que Desapareceram, Guia em 12 Passos Para Parar de Jogar World of Warcraft, e, do famoso Francis Fukuyama, O Fim da História – Agora é pra valer.

As criações de “Found” nos davam uma saudade danada de um futuro que somente agora parece que não vai mais acontecer.

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