Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
1657) Acredite, Fluminense (4.7.2008)
Peço desculpas mais uma vez aos meus vinte e poucos leitores, principalmente leitoras, que não se interessam por futebol. Tenho que voltar mais uma vez ao assunto, mas não tem outro jeito, é uma disputa atrás da outra: final de Copa do Brasil, Eurocopa, Taça Libertadores... Esta última, curiosamente, me fez experimentar emoções novas, algo que um torcedor calejado como eu julgava impossível de surgir a esta altura de tantos campeonatos. Na quarta-feira 2 de julho, na casa de amigos, diante de um telão gigantesco e de cerveja farta servida por solícitos garçons, assisti a partida final travada no Maracanã entre Fluminense e LDU do Equador. E me vi, eu flamenguista de DNA, torcendo, sofrendo e me abatendo com a vitória-derrota do tricolor.
O Fluminense perdera o primeiro jogo por 4x2. Precisava ganhar por dois gols para empatar a disputa e ir para os pênaltis. Levou um gol aos cinco minutos de jogo, o que transformou o placar acumulado (critério que se usa nesse torneio) em 5x2 para a LDU. Pois o tricolor correu atrás, e Thiago Neves entrou para a História, fazendo três gols que viraram o placar para 3x1 (ou seja, 5x5). Mas aí vieram os pênaltis. Os aziagos, os fatídicos, os inapeláveis pênaltis. Dizem que pênalti é loteria. Não é. Pênalti é treino e tranqüilidade, duas coisas que obviamente faltaram aos cobradores do tricolor. O Flu perdeu três, todos eles mal batidos. Um por Conca, o melhor do time; outro por Thiago, o homem dos 3 gols históricos, e o último por Washington, um centroavante que admiro, mas que fez nessa noite talvez a pior partida de sua carreira. Na hora de bater, estava visivelmente acabrunhado e sem forças.
Teve outra coisa. O goleiro da LDU, que já tinha defendido o primeiro pênalti (Conca), fez uma catimba no segundo. Quando Thiago partiu para a bola, ele abandonou o gol caminhando e dirigiu-se ao juiz fingindo que ia reclamar algo. O chute entrou, mas o juiz, desconcertado, mandou repetir a cobrança. Isso matou o Fluminense. Quando um jogador bate um pênalti numa circunstância como aquela, ele concentra toda a adrenalina que lhe resta (após 120 minutos de esforço) naquele único chute. Se for obrigado a repeti-lo, chuta sem força, sem convicção, extenuado. Foi o que aconteceu com o bravo Thiago Neves, que na segunda vez chutou fraco, em cima do goleiro. Isso desorientou de vez o Flu, e na cobrança seguinte Washington também chutou fraquinho, no goleiro. Acabou, fim de jogo, chau e bença, bata o prego na tampa do caixão.
Chorar? O cara sempre chora (eu, flamenguista, quase chorei vendo o drama alheio em redor). Mas ergam a cabeça, colegas. O Flu foi vice-campeão, e cumpriu jornadas memoráveis, no Maracanã e fora dele. Caiu lutando, de cabeça erguida. Quem pagou mico foi o Flamengo, naquele vexame de 3x0 contra o time do México. Se meu time tinha que perder na Libertadores, quem me dera que fosse da maneira como o Fluminense perdeu.
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