Pouco tempo atrás a polícia britânica anunciou ter desmascarado uma conspiração terrorista para explodir aviões usando uma combinação de preparados químicos que iriam na bagagem dos passageiros. Impossíveis de detectar por raios-X, essas substâncias iriam acondicionadas em frascos de xampu, pasta de dentes, etc. Uma vez no ar, em pleno vôo, bastaria aos terroristas levar esses frascos para o banheiro, fazer a mistura, e pronto. A explosão resultante seria o bastante para arrombar a parede do avião (imagino), e naquela altitude o resto seria inevitável.
Desde então, passageiros não podem mais embarcar conduzindo bagagens de mão, têm que levar um saco plástico transparente, selado pelas autoridades, etc. Na verdade, não sei se tudo isto continua valendo. Houve um zum-zum-zum danado na imprensa internacional durante a primeira semana, depois não se falou mais no assunto. Será que todos já se acostumaram tão rapidamente com a Nova Ordem?
O blog Boing Boing, de Cory Doctorow (http://www.boingboing.com/), publicou um “post” de Stephen D. Levitt, o autor do livro Freakonomics. Diz ele: “As autoridades do aeroporto confiscaram meu desodorante e meu creme dental. Mas, é claro, permitiram que eu levasse o frasco com o líquido para minhas lentes de contato. Hmmm. Se eu fosse um terrorista, não acham que eu conseguiria achar um jeito de destampar o frasco e colocar algum explosivo nele? Não há o menor sentido em criar proibições que causam um transtorno enorme para pessoas inocentes mas que um terrorista pode contornar com a maior facilidade. Será que eles acham que isto tudo está levando a algum resultado?”
Esta situação me lembra um aspecto do filme Psicose de Hitchcock que virou um lugar comum dos críticos. O crime mais violento acontece com cerca de 30% do filme transcorridos. Os outros são meramente alusivos, mas a lembrança do primeiro é tão traumática que o espectador fica apavorado. Ora, algo me diz que Bin Laden, lá em sua caverna afegã, passa a noite vendo velhos DVDs de Hitchcock (sem barba, Osama deve ser a cara de Anthony Perkins). E ele sabe que gato escaldado tem medo de água fria. A porrada do 11 de setembro foi tão grande que hoje em dia, para apavorar o Ocidente, a Al-Qaeda não precisa mais repetir a façanha. Basta ameaçar.
Algo parecido ocorreu aqui no Rio, diversas vezes. Os telefones das lojas começam a tocar, e uma voz diz: “Aê, meu tio, na moral. Fecha a loja senão o Comando vai aí e fuzila todo mundo”. Quando isso acontece, o comércio fecha. Já fuzilaram uma meia-dúzia. Vocês deixariam a loja aberta, pagando pra ver? Eu mesmo não. A receita do terrorismo internacional é a mesma. Basta-lhes vazar uma informação, dando pista de uma nova ameaça, e nem é preciso cumpri-la. Basta deixar que os ocidentais fiquem se destruindo por dentro. Não precisa mais matar. Basta ameaçar, e os poderosos morrerão aos poucos, de puro terror.
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