Os folhetos de Leandro, já no Recife, trazem os endereços de suas tipografias e residências. Ruas terão mudado de nome durante todos estes anos, mas talvez não seja impossível fotografar os endereços atuais, e traçar um mapazinho do “Recife de Leandro”, que imagino gravitando em torno do Mercado São José. Quanto à famosa transação comercial em que João Martins de Athayde comprou as máquinas, a oficina e os folhetos de Leandro, após sua morte, imagino que os descendentes de Athayde talvez guardem documentos, cartas, registros, que possam nos dar uma idéia (em valores monetariamente corrigidos) do peso econômico do cordel durante a vida de seu criador.
Dois temas constantes nos folhetos de Leandro são carestia de vida e esposa encrenqueira. Até que ponto isto refletia sua real vida doméstica? Outro detalhe importante é o do momento da substituição das antigas máquinas de composição manual (usadas nos jornais) pelos modernos linotipos; em que período isto se deu, e teria tido de fato um papel na criação do cordel? Meu palpite é que essa mudança se deu a partir de 1880, e “sucateou” as antigas máquinas, que Leandro pôde comprar por preço de ocasião, dando início à impressão dos primeiros poemas do Romanceiro Popular Nordestino.
Será possível mapear hoje a rede de distribuição que levava os folhetos de Leandro para outros Estados do Brasil? Onde Leandro conseguia os clichês para as capas de folhetos? Quanto custava uma resma de papel? Quais os seus títulos que venderam mais? Estas perguntas, e muitas outras, ainda podem ser respondidas hoje; não sei se poderão daqui a mais algumas décadas. Para a análise literária das obras precisamos apenas das obras, mas para entender todo o fenômeno social do cordel temos que esclarecer também todas estas questões de ordem material.
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