sábado, 5 de julho de 2008

0438) O Manuscrito Voynich (14.8.2004)



(Manuscrito Voynich)

O mundo das bibliotecas fervilha de mistérios, de segredos, de manuscritos obscuros, de obras esquecidas, de revelações estonteantes guardadas para daqui a décadas ou séculos quando descobrirmos um velho alfarrábio esquecido e formos capazes de decifrar seu conteúdo. Não estou exagerando, leitor. A carta de Pero Vaz de Caminha, talvez nosso mais importante documento histórico, ficou ignorada durante séculos até ser achada em 1793 na Torre do Tombo. Julio Verne escreveu em 1863 um romance, “Paris no Século 20”, que só foi descoberto em 1989 pelo seu bisneto, num cofre esquecido. Há grandes descobertas esperando para acontecer.

Uma das que eu aguardo com mais ansiedade é a decifração do Manuscrito Voynich, que já foi chamado, com justiça, “o livro mais misterioso do mundo”. Tomei conhecimento dele através dos escritos de Colin Wilson, que lhe dedica um capítulo de sua Encyclopedia of Unsolved Mysteries (1988), mas quando fui atrás descobri que existe uma enorme comunidade internacional (incluindo historiadores, bibliófilos, criptógrafos e lingüistas) mobilizada em torno deste livro enigmático. Um bom saite para quem quiser ter uma idéia é o de René Zandbergen (http://www.voynich.nu/).

Vamos aos fatos. Trata-se de um livrinho de 15 por 22 centímetros, com pouco mais de 100 páginas, em pergaminho. Está escrito num alfabeto que não foi decifrado até hoje (é este o grande desafio), e fartamente ilustrado, como desenhos em quase todas as páginas. Os desenhos mostram plantas desconhecidas, órbitas astronômicas, figuras humanas, e desenhos que lembram cortes anatômicos. Parece ser uma espécie de manual ou almanaque com conhecimentos básicos de ciências naturais. Quem quiser poupar tempo e ver imagens digitalizadas das páginas do livro, pode ir para: http://beinecke.library.yale.edu/brbldl/, e digitar “Voynich”.

O manuscrito parece ter sido escrito entre 1450 e 1500; houve quem o atribuísse ao cientista Roger Bacon. Há documentos indicando que por volta de 1666 ele foi enviado ao jesuíta Athanasius Kirchner (o famoso inventor da “lanterna mágica”), com um pedido de decifração. Passou por várias mãos até que em 1912 foi adquirido pelo antiquário Wilfrid M. Voynich, que o levou para os EUA e iniciou uma campanha para estudá-lo, ficando o livro a partir daí conhecido como “Manuscrito Voynich”. Atualmente, ele está na Biblioteca Beinecke de Livros Raros, na Universidade de Yale (EUA).

Teorias recentes sugerem que o livro não passa de uma fraude bem elaborada, com um idioma tão inventado quanto as ilustrações. Dezenas de criptógrafos dedicaram-se durante décadas a elaborar teorias e propostas de decifração, até hoje sem resultado. Se você é bom em códigos, leitor, arrisque sua sorte. O sujeito que decifrar este livro vai entrar para a História, ao lado de Champollion, que decifrou os hieróglifos egípcios. Está aí uma coisa que eu não gostaria de morrer sem saber a resposta!

Um comentário:

  1. Uau!
    Embalado pelas crônicas sobre ficção científica de dois e três dias atrás, tive agora vontade de escrever algo sobre este manuscrito sendo decifrado e qual seria seu misterioso conteúdo!

    Fico feliz ao saber que ainda há alguns mistérios não-resolvidos na humanidade, como Stonehenge, os Rapa-nui e o manuscrito de Voynich!

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