Os pesquisadores do Sistema de Portais Aleatórios divulgaram há poucos dias em seu website alguns achados do ano de 2023, mantendo, como sempre, uma margem de segredo para evitar a interferência de curiosos.
Um provador de roupas na loja de departamentos Griggs em Atlanta (Georgia) foi descoberto como portal, quando certos tipos de roupas são experimentados ali. O pesquisador Alex Allen, ao se olhar no espelho experimentando um casaco de frio, viu abrir-se à sua frente o portal, que o conduziu para uma esquina nevada, de madrugada, numa cidade deserta, onde as únicas luzes acesas eram as dos postes de iluminação pública. No dia seguinte, levou várias roupas ao provador, e ao experimentar uma camisa de seda colorida o portal se abriu para um boliche quase vazio, onde um homem idoso arremessava bolas uma atrás da outra, sem conseguir grande resultado. Em ambos os casos o pesquisador sentiu o portal muito instável e percebeu que agarrar com força o tecido da roupa o mantinha aberto tempo suficiente para poder voltar.
Uma descoberta curiosa foi feita por um casal de pesquisadores de Belém do Pará. Num edifício semi-abandonado no centro da cidade, mas ainda parcialmente em atividade, um elevador de cargas aciona em certas ocasiões (mas sempre, pontualmente, ao meio-dia) um portal que leva os passageiros da cabine, instantaneamente, do andar térreo para (sempre) o vigésimo-primeiro andar, onde funcionou até poucos anos atrás um laboratório de artefatos eletrônicos. Os pesquisadores veem alguma possível correlação entre os dois fatos. O portal só se manifesta na subida, e na volta é preciso descer todos os andares, ou então usar o elevador social, ainda em funcionamento, utilizado pelos funcionários de algumas empresas que estão se preparando para mudar de endereço ou fechar as portas.
Um parque municipal em Toulouse (sul da França) exibe em seu setor norte uma gruta artificial, montada com rochas de verdade e rochas “cenográficas”. A gruta se abre em algumas galerias por onde é possível caminhar (geralmente passeando com crianças) ao longo de corredores de pedra. Um pesquisador percebeu a vibração de um portal numa reentrância das rochas de papel-machê, e ao penetrar nele percebeu que ele conduzia a uma gruta idêntica, com poucas diferenças de detalhe, numa região selvagem e aparentemente desabitada, que ele julgou estar na África, observando a trajetória do sol e das estrelas. De volta à cidade, ele descobriu com surpresa que o arquiteto responsável pela gruta artificial a construiu baseando-se apenas em sua imaginação, sem consultar pesquisas ou imagens de qualquer gruta real.
No banheiro da estação rodoviária de uma cidade do interior do Nordeste brasileiro, na terceira privada à esquerda de quem entra, está encalhado um portal-transiente que (de acordo com o relato do técnico local) “bruxuleia algumas vezes por dia, durante um ou dois minutos, e é quando a passagem fica aberta”. A descoberta foi feita inteiramente por acaso por um pesquisador amador de dezoito anos. Ao ser atravessado, o portal conduz a uma cidade de aspecto europeu, com arquitetura antiga, clima enevoado, frio intenso, e sempre à noite. O pesquisador atravessou o portal por quatro vezes, ao longo de um mês, mas não conseguiu identificar o país, ou o idioma local. Como de hábito, celulares não funcionam após o portal ser cruzado. O pesquisador não se afastou muito, com medo do portal se apagar e ele ficar preso nessa cidade. O ponto de saída se situa numa espécie de arena romana ou concha acústica em ruínas. Nenhuma pessoa à vista.
Tem sido alternadamente elogiada e contestada a descoberta feita por Enrico Gambarotti, de Firenze, que em maio de 2023 informou à Central haver descoberto um portal em plena Ponte Vecchio, entre duas tendas (uma de roupas, outra de presentes e souvenirs). O portal conduzia a um edifício de escritórios, abandonado, num país que não se pôde identificar. O aspecto desconcertante na descoberta é que o edifício parecia estar às avessas, e ao emergir do portal o Pesquisador alega ter caminhado no teto o tempo inteiro, sendo que o piso, invertido, ficava sobre sua cabeça, com móveis, cadeiras, estantes, etc., tudo "de pernas para o ar". Um objeto apanhado e depois solto no ar caía para cima, na direção do piso, mas no corpo do observador a força da gravidade parecia se exercer normalmente, como se ele estivesse em seu ambiente costumeiro. A descoberta de Gambarotti foi questionada pela própria Divisão Itália, quando se divulgou que a descoberta do portal foi feita por suas filhas gêmeas de 11 anos, Claudia e Chiara, que conseguiram surrupiar o Codificador, numa distração do pai, e voltaram contando essa história. Membros da Divisão Itália alegam que Gambarotti não cruzou pessoalmente o portal, e está apenas divulgando o que suas filhas lhe contaram, assustadíssimas.
O pesquisador Vinicius Schroeder, de Bagé (Rio Grande do Sul) descobriu em sua cidade um portal precariamente situado na garagem de um edifício comercial, num trecho onde ninguém circula, um “espaço morto” entre as vagas de estacionamento e a subida da rampa. O portal só se tornou visível por emitir reflexos azulados de maneira aleatória. Penetrando por ele às 8 da manhã de um sábado, Schroeder se viu na área de serviço de um apartamento pequeno e abafado, habitado por uma família oriental que não se assustou com sua presença, e continuou entregue aos seus afazeres. Ele percorreu o apartamento inteiro, verificando que era pessoas de classe média baixa, pai, mãe, três filhos adolescentes, todos conversando entre si o tempo inteiro, sem demonstrar preocupação. Avistando na parede do quarto dos filhos (dois rapazes e uma moça, dormindo em beliches) um mapa da Malásia, concluiu que era ali a localização da moradia. A família pôs mais uma cadeira e mais um prato na mesa e o convidou para jantar (lá, já era noite), e ele tomou uma sopa de lentilhas acompanhada por chá preto e pão caseiro.
Estou cruzando um portal para chegar aí na sua casa e cumprimentá-lo. Tudo bem?
ResponderExcluirSempre bem vindo!
ResponderExcluirAdorei. Gosto demais dessa ideia dos portais. Há um portal no livro Novembro de 1963 de Sking, que fica na despensa de uma lanchonete-motorhome. Na obra de Murakami, sempre aparecem portais deliciosos, alguns bem assustadores.
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