(ilustração: Jacek Yerka)
& ficou rico inventando um
chiclete que quanto mais a gente masca mais doce ele fica
& era um desses edifícios
modernos, com ar condicionado na garagem, playgrounds étnicos e condomínio por
meritocracia
& gosto de música de
vanguarda, mas não acho que já tenhamos esgotado as potencialidades do bongô e
do charango
& é tudo uma disputa de
temponautas, uns querendo voltar para abril de 64 e outros para maio de 68
& religião de pobre é para
amortecer terrores, religião de rico é para diluir remorsos
& o problema não é nem
fazerem lavagem cerebral na população, é o preço que cobram!
& passou o tempo do
jogo-de-cintura na política, agora é dança-do-ventre escancarada
& nem sempre um cara tem
boas intenções, o que tem é apenas uma boa justificativa
& e assim chegamos ao
paraíso da cerveja sem álcool, do café sem cafeína e do mertiolate que não arde
& e eu fiquei mais cheio de
dedos do que um polvo
& supor uma colisão
transtemporal que traga ao mesmo tempo, para um quarto de hotel, todo mundo que
já se hospedou lá
& “você parece muito
inteligente quando está calado, devia explorar mais essa sua faceta”
& o Absurdo produz no real
uma fratura exposta onde a gente espalha pomadas de racionalização
& um sertanejo e um
ipanemense são dois planetas tentando se
alcançar sem espaçonaves
& minha mente é um milharal
de imaginações assolado pelos gafanhotos da sobrevivência
& bom mesmo é ler contos de
terror naquelas noites de temporal em que nem mesmo um monstro se atreveria a
botar o pé na rua
& a função da esquerda é
encher com o gás dos seus protestos os balões vazios da direita
& queria voltar daqui a 100
anos pra ver como os livros resumiram esta confusão de hoje em dia
& aqueles dias de mau humor
que você descarrega chutando a perna da mesa com o pé descalço
& é difícil o diálogo entre
quem sofre de problemas crônicos e quem está com um problema urgente
& não há nenhum problema em
preservar os direitos humanos, desde que possam ser privatizados
& a velhice tem uma cura, e
é definitiva
& tem certas pessoas que são
um desperdício de ser humano
& a primeira vítima num
apocalipse é a solidariedade
& o heroísmo individual
surge às vezes para compensar um acovardamento coletivo
& às vezes basta reformular
uma pergunta e pronto, ela mesma se responde
& o pior é imaginar que vai
ser preciso meio século para que certo tipo de gente não esteja mais entre nós
& não é por um sujeito ser
um mau-caráter que ele não possa ser meio genial nisso ou naquilo
& brasileiro acha que pagar
mais caro é indício de riqueza
& o futuro substitui o
passado como um matagal ocupa um vilarejo
& tem mulheres tão bonitas
que acabam embelezando as que estão em volta delas
& o fato de que a guerra
inspira grandes obras de arte não basta para absolver a guerra
& uma utopia é meio caminho
andado para uma distopia
& quando alguém me diz para
ir direto ao ponto, eu vou direto ao ponto final
& algumas pessoas discutem o
tempo todo, mas é porque só conseguem pensar quando estão discutindo
& o fim do mundo não vai ser
com uma explosão, e sim com um blecaute
& tenho uma leve impressão de que o homem tende a aumentar o volume do som pois tem medo de escutar seus pensamentos.
ResponderExcluir& lavou o carro com a água da mangueira, enquanto a chuva caia e a lágrima descia pelo seu rosto.
& uma fruta doce tem esse gosto porque sua semente é azeda.
& pensou como seria aquela mulher sem roupa, sem sutiãs e sem cérebro.
& correr mil quilômetros cansa menos do que escrever uma linha com cinco palavras.
& tem dias que o ser humano parece esquecer o quão ele é burro.
& já passei por dias os quais achei que não fossem acabar.
& o Natal tá chegando, e o papai Noel resolveu pintar sua barba de rosa.
Putz, Braulio, não vi nenhuma frase menos brilhante que as outras. Vontade de dar RT antes mesmo de vc postar no twitter hehe. Abrrr
ResponderExcluir" e assim chegamos ao paraíso da cerveja sem álcool, do café sem cafeína e do mertiolate que não arde"
ResponderExcluirDa comida que não alimenta, da educação que embrutece, do amor que não se expressa e da vida que amortece.