quinta-feira, 16 de junho de 2016

4125) Contracapa de Messenger (16.6.2016)



(ilustração: The Sea Hunter, de Alexis Solha)

&  todo elogio é um placebo 

&  ainda faremos festa junina com transcanjica, balões-drone e fogos holográficos 

&  guerrilha dadaísta ocupa TV e desencadeia mimimi ao tocar forró no Dia Nacional do Orgulho Blue 

&  não devemos julgar uns aos outros pelas nossas convicções políticas, se é que existe alguma 

&  bigamia: crime e castigo 

&  eu nunca vi nenhuma história passada no Céu que estivesse chovendo 

&  quanto menos um eleitor se interessa em entender de política maior a chance de estar votando nos seus próprios inimigos 

&  jornalista é a segunda mais antiga das profissões

&  pastel de carne é aquele que falta carne, pastel de queijo o que falta queijo

&  a coisa tá de tubarão perseguir baleia

&  um ventilador se movendo na velocidade de um relógio

&  a barra agora pesou pra quem não é da elite: não se-estremeça, não grite, o futuro começou 

&  burocracia é um sistema fractal onde cada fragmento é capaz de reproduzir integralmente as ramificações do todo

&  pelo andar da carruagem, quando o apocalipse zumbi acontecer será recebido com alívio

&  certa literatura consiste em cobrir com frases alheias a ausência de idéias próprias

&  é possível um indivíduo virar santo sem nunca ter feito o bem a uma só pessoa?

&  o Brasil tem 200 milhões de candidatos a ditador, armados de soluções infalíveis

&  a poesia é pedra lascada e a prosa é pedra polida

&  um professor de Lógica consideraria um absurdo ver um transatlântico cruzando o Pacífico

&  certos executivos têm olhos de vidro fumê, não se sabe o que acontece por trás deles

&  o tempo na verdade não passa, somos nós que passamos através dele

&  há tesouros tão grandes que não podem ser roubados, o máximo que se consegue é ir morar junto deles

&  assédio sexual é um homem tentando obrigar uma mulher a se comportar como um homem se comportaria naquelas circunstâncias

&  um computador de escritor é um canteiro de obras inacabadas

&  ler essas frases de auto-ajuda é o mesmo que passar açúcar numa ferida

&  um trumpete produz um filete de notas sucessivas capaz de dar a volta ao mundo em poucos minutos

&  não importa o estado real da empresa, desde que não se reflita no preço das ações

&  é um desses dias em que a gente se olha no espelho e murmura: “agora aguenta, véi”

&  o som de certas bandas parecem essas mesas de restaurante onde todo mundo fala ao mesmo tempo o tempo todo

&  a calçada é o embaixo-do-tapete da cidade

&  você é o gundará do meu senzoliú

&  existe mestre para repassar respostas e mestre para desencadear perguntas

&  o Destino é a pauta do caderno, o livre arbítrio é a caligrafia do texto

&  ah um cofre-forte que pudesse ser trancado pelo lado de dentro

&  o sucesso é o ar rarefeito dos picos, o anonimato é a pressão das fossas submarinas

&  dou um prognóstico na tua profecia e ainda ofereço dois palpites de lambuja

&  o verdadeiro ambicioso não destrona o rei, ele o canibaliza vivo










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