Faleceu dias atrás nos EUA, o editor e crítico David G. Hartwell, aos 74 anos, aparentemente de uma queda acidental em sua casa. Hartwell foi um desses editores que começam bastante jovens, têm a sorte de ser contemporâneos de alguns autores brilhantes, e têm discernimento para encaminhá-los ao seu público. Ele era fundador e editor de The New York Review of Science Fiction, uma das melhores publicações de críticas não-acadêmica, com cobertura variada da FC, fantasia e horror.
Hartwell era mais inclinado à FC grandiosa, cósmica, FC
pesada. Isso não o impedia de ser um grande fã de Philip K. Dick. É dele uma
das frases que acho mais emblemáticas sobre o que é a obra de PKD.
Perguntaram-lhe: “Quero ler Dick, qual o melhor livro para começar?” Ele disse:
“Qualquer um. Em cada livro de Dick, mesmo os mais irregulares, todos os
grandes temas dele estão presentes, de uma forma ou de outra. Qualquer um é uma
boa porta de entrada.” E é exatamente isso.
Alguém devia escrever uma história da FC clássica através
dos seus editores. Primeiro, Gernsback assentando as fundações do edifício. Em
seguida, Campbell criando uma Golden Age em volta de si mesmo durante duas
décadas. Depois a queda dos pulp magazines, a ascensão do formato digest:
Horace Gold ( Galaxy), Boucher & McComas (Magazine of Fantasy and SF).
A FC começou a ganhar malícia, ganhar um certo humor e um simpático cinismo
urbano que começava a suplantar o simpático idealismo rural.
Vemos por um lado, nos anos seguintes, o espírito
fã-histórico de Donald Wollheim como editor, e as aventuras anticonvencionais
de Judith Merrill, que na sua seleção de melhor FC do ano incluía contos
absurdistas, esquetes de autores famosos, poemas, trechos de romance. Nem tudo
era FC, mas tudo ali dialogava. Dizem que uma editora muito importante foi Cele
Goldsmith, que editou Amazing Stories, Fantastic, lançou muita gente boa.
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