(foto: Campina Grande, Rua Miguel Barreto, por Sergio Nascimento)
Encontrado, pelas irmãs Nizinha e Bebeca Mariz, em Mossoró
(RN), um envelope de Sedex todo amassado, jogado intacto numa lixeira, o qual
elas abriram conforme o peso fatal da curiosidade, e encontraram ali uma carta
suplicante de um tal de Valdir para uma tal de Eleonora, dizendo (pra encurtar
a história) que desta vez ia se emendar mesmo e que não podia viver sem ela, e
as irmãs deduziram que Eleonora jogou a carta no lixo assim que leu o nome do
remetente, e as duas agora estão em pleno processo de se tornar “casualmente”
amigas de Eleonora para acompanhar o desenrolar do caso com carinhas de
inocentes.
Por baixo do banco-da-frente de um táxi, na Avenida Caxangá,
no Recife, num anoitecer de trânsito engarrafado, foi encontrado por Daniel
Livorni, 25 anos, escriturário de uma companhia de calçados, que sentou exausto
e faminto no banco traseiro, um saco plástico branco contendo duas pamonhas e
um pratinho de plástico com canjica, tudo envolto em papel laminado, e um
embrulho com dois pães e um pacote de café Pilão de 250 gramas.
Num cinema de Florianópolis foi encontrado por Alípio
Nogueira, 61 anos, aposentado, um smartphone destravado, que a princípio ele
pensou em devolver ao dono, idéia que logo lhe sumiu da cabeça quando Sua Alteza
o Destino o levou a percorrer a galeria de fotos onde predominava uma mulher
loura e linda por quem ele se apaixonou, e hoje mantém o celular mudo, junto ao
travesseiro, repassando as fotos antes de dormir, vendo-o reluzir sempre que
alguém liga em vão, e criando coragem para localizar sua deusa.
Pedro Paulo de Lima, 11 anos, encontrou em 1993, quando ia
para o colégio, no chão de um ônibus da linha 416 (Usina-Forte), na Tijuca, um
livro de bolso em inglês, cheio de desenhos de posições sexuais, coisa sobre a
qual tinha a mais superficial das informações, o que o levou a esconder a relíquia
e pedir ao pai, pastor evangélico e síndico, um dicionário inglês-português,
sob pretextos escolares, e hoje Pedro mora em San Francisco, Califórnia, onde é
crítico de artes plásticas, casado há 7 anos com a mesma pessoa, e vive muito
bem, obrigado.
A capacidade de contar uma história completa em poucas palavras, é para poucos. Parabéns.
ResponderExcluir