Um dos projetos de tradução em que estou envolvido desde o
ano passado é o da trilogia Southern Reach (“Comando Sul”), de Jeff
VanderMeer, que está sendo publicada no Brasil pela Editora Intrínseca. O
primeiro volume, Aniquilação (“Annihilation”) já saiu. No momento, estou
finalizando a tradução do segundo volume, Autoridade (“Authority”). O
terceiro, Aceitação (“Acceptance”) deverá sair no fim deste ano ou começo do
ano que vem, mas por questões de cronograma talvez venha a ser traduzido por
outra pessoa.
O primeiro livro é o diário de uma bióloga (os personagens
não recebem nomes) membro de uma expedição à Área X, uma região misteriosa que,
há mais de trinta anos, foi isolada do mundo por uma barreira invisível, com
apenas um pequeno portal por onde os EUA (isto se dá mais ou menos no litoral
da Flórida) enviam expedições sucessivas para investigar. As expedições são às vezes
exterminadas com violência por forças desconhecidas, ou então seus membros se
matam uns aos outros, ou voltam todos incólumes mas desmemoriados, incapazes de
dizer algo útil sobre o que viram, e morrem rapidamente de um tipo raro de
câncer.
Não vi nas entrevistas de VanderMeer nenhuma referência ao
cinema de Andrey Tarkovsky, mas sua trilogia me lembra em primeiro lugar o
filme Stalker (sobre uma área igualmente misteriosa e inacessível, bloqueada
pelo governo, e que produz em quem a invade uma espécie de estado alterado de
consciência) e a certa altura também Solaris (um ambiente que produz réplicas
semi-conscientes de pessoas reais). Mas
o foco de VanderMeer muda no segundo livro. Autoridade ocorre fora da Área X,
nas instalações do Comando Sul, a agência do governo (ligada à CIA) a quem cabe
investigar o mistério. O novo protagonista, Controle, é o chefe recém-nomeado
das investigações, perdido num labirinto kafkeano de burocracia e conspirações
políticas, enquanto tenta fazer sentido dos fatos espantosos daquela área onde
surgem “anomalias topográficas” (uma torre invertida, entrando de chão adentro,
etc.) e onde pessoas e animais parecem sofrer mutações espantosas e aceleradas.
Na trilogia, o Volume 1, Aniquilação, é bom e completo em si mesmo. Não seriam necessários os outros dois volumes que quase nada acrescentam à história. O Volume 2 não anda, é tediosíssimo. O Volume 3 é menos tedioso e acrescenta apenas uma ou duas informações relevantes ao contexto da história. Perda de tempo ler os volumes 2 e 3.
ResponderExcluir