Uma das histórias mais mal contadas do século 20 é a renúncia do Rei Edward VIII da Grã-Bretanha porque queria casar com Wallis Simpson, uma norte-americana divorciada e (diziam os lordes ingleses) promíscua demais para ser rainha da Inglaterra. O Rei abdicou do trono, foi viver com ela e (diz a galera que não perdoa) foram infelizes para sempre.
Uma
das palavras mais misteriosas da literatura é “noigandres”, que aparece num
poema do século 12 escrito pelo trovador provençal Arnaut Daniel, e cujo
significado ninguém sabia. Depois de intermináveis discussões, há hoje um certo
consenso de que a palavra na verdade são duas, “enoi gandres”, significando
“antídoto contra o tédio” (já escrevi a respeito, aqui: http://tinyurl.com/kqqlzy6).
Pegando
estas duas pontas tão distantes (e mais algumas), Rodrigo Garcia Lopes escreveu
um romance policial ambientado em Londrina nos anos 1930, quando a cidade do
norte do Paraná estava vivendo um “boom” econômico, produzindo café, atraindo
migrantes, devastando florestas de madeira de lei, fazendo fortunas. Lord
Lovat, um dos sócios ingleses da operação, vem da Inglaterra para investigar
acontecimentos estranhos na sua Companhia, e traz consigo Adam Blake, poliglota
e tradutor, para ajudá-lo a lidar com japoneses, judeus, alemães, russos,
etc. Começa então uma intriga que
envolve mortes misteriosas cometidas por um assassino que se intitula O
Trovador, numa trama com ramificações que vão até a Inglaterra do Rei Edward e
a Alemanha nazista.
Rodrigo
Garcia Lopes é tradutor (Rimbaud, Whitman, Apollinaire), compositor, co-editor
da revista literária “Coyote”, poeta com um trabalho de vívida imaginação
verbal e controle linguístico, que tem interfaces com a poesia “beat” de Wiliam
Burroughs e Allen Ginsberg. O Trovador (Ed. Record, 2014) é um romance policial
de narrativa clássica, retrato de época da colonização do Paraná, cheio de
referências literárias que fazem parte essencial da história (em vez de serem
apenas piscadelas para os eruditos). A chegada do detetive Blake a Londrina me
lembrou, por mais de um motivo, a chegada do Blake interpretado por Johnny Depp
àquela cidadezinha de faroeste no início de Dead Man de Jim Jarmusch.
Vou conferir . Parece interessante e morei por anos no Norte do Paraná, inclusive em Londrina .��
ResponderExcluirEsse romance policial é muito bom, principalmente pra quem gosta de história, investigação e mistério.
ResponderExcluirTambém opinei sobre ele: http://bit.ly/1xLusQ0
Abraço!