Estou coordenando, para a Escola de Cinema Darcy Ribeiro
(Rio de Janeiro) uma Mostra do Cinema Fantástico, com filmes todos os sábados
às 14 horas, entrada franca. A escola fica na esquina da Rua da Alfândega com
Rua 1º. de Março, pertinho do CCBB. (Após a sessão, haverá debate com o prof.
Sérgio Almeida, e estarei presente sempre que possível, o que não é o caso
desta estréia.) Pretendo comentar aqui os filmes escolhidos, e o leitor fora do
Rio pode encontrar os filmes nas locadoras e na Internet, caso se interesse.
O filme de abertura, hoje, será Os Inocentes (“The
Innocents”, 1961) de Jack Clayton, provavelmente o melhor filme do diretor. É
um daqueles clássicos filmes de terror em preto e branco, explorando uma
fotografia cheia de claro-escuro e os cenários cheios de mistério de uma enorme
mansão. São filmes mais elaborados e mais sutis do que a produção normal de
terror da época, de produtoras como a Hammer Films (inglesa) e AIP (norte-americana),
de orçamento mediano, feitos meio às pressas. O filme de Clayton é uma produção
caprichada dirigida por um perfeccionista.
O filme é adaptado do romance Outra Volta do Parafuso (1898)
de Henry James, história de uma governanta que vai morar numa mansão no campo
para cuidar de um casal de crianças. A mansão é assombrada pelas aparições de
um casal de ex-criados, que quando trabalharam ali viviam muito próximos às
crianças e agora parecem voltar do túmulo para se apossar delas. A governanta
tenta salvar as crianças desse perigo – e algumas teorias dizem que tudo aquilo
é um delírio dela própria.
O livro de James é uma das melhores ilustrações da teoria
do Fantástico proposta por Tzvetan Todorov em sua Introdução à Literatura
Fantástica (1970). Diz Todorov que o Fantástico é uma zona indefinida entre o
Estranho (histórias de fatos aparentemente sobrenaturais, mas que no fim
recebem explicações realistas) e o Maravilhoso (histórias em que tudo está claramente
situado num mundo sobrenatural qualquer). Histórias fantásticas (diz ele) são
aquela que se concluem sem que o autor “bata o martelo” com uma explicação
clara, deixando no ar a dúvida: aquilo que aconteceu foi sobrenatural ou não?
Ótima dica.
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