Foram os fãs de Sherlock Holmes que criaram a “fanfic”, a ficção escrita por fãs utilizando os personagens e o universo que admiram. Depois da morte de Conan Doyle em 1930, seus leitores, insatisfeitos com a impossibilidade de novas adições ao Cânone (o conjunto de 4 romances e 56 contos escritos por Doyle sobre o detetive) começaram a inventar e publicar histórias por conta própria. Hoje, a biblioteca sherlockiana encheria uma livraria de boas dimensões.
Uma novidade recente é o bom romance The House of Silk (2011);
no Brasil “A Casa da Seda”, pela editora Zahar, 2012, tradução de Maria Luiza
X. de A. Borges. Anthony Horowitz, um
conhecido autor de romances juvenis da Inglaterra, emula com habilidade e sem
exagero o estilo de Doyle, e seu livro é bastante fiel ao ambiente, à época e
aos personagens. O especialista Leslie Klinger apontou inúmeros erros de
detalhe, mas nenhum livro é escrito para satisfazer totalmente os especialistas;
o próprio Klinger deu ao romance uma nota B+ e o considerou “perfeitamente satisfatório”.
Holmes e Watson estão em Baker Street e a chegada de um
cliente os envolve em dois mistérios que parecem correr lado a lado, e que o
autor faz convergir de maneira surpreendente e plausível, no final. O livro tem
as habituais “set-pieces” sherlockianas, como o truque de adivinhar o que
Watson está pensando, os disfarces irreconhecíveis, a fuga mirabolante, os
comentários aparentemente “non sequitur” feitos por Holmes como se desse pistas
enigmáticas sobre suas deduções.