(Ilustração: Edward Gorey)
De vez em
quando a gente entra nas redes sociais e começa a fazer brincadeiras com os
amigos: “Seis posts na última meia hora? Vai trabalhar, vagabundo!”. Há uma
mistura de seriedade e de gracejo nisso, principalmente entre aqueles cujo
trabalho exige que fiquem o dia inteiro sentados na frente do computador.
Escritores, tradutores, jornalistas... Ou mesmo pessoas que têm outras
ocupações, mas de tanto em tanto tempo sentam diante do monitor, checam o que
os amigos andaram postando, comentam, compartilham, envolvem-se em debates,
fazem piadas.
Nada
impede que essa aparente falta de ocupação esteja sendo exercida nos intervalos
de um trabalho duro, e da minha parte nada melhor para descansar de uma hora
intensa de escrita ou de tradução do que 15 minutos num Twitter ou Facebook
peruando as polêmicas alheias, ou conferindo um clip musical, uma notícia
quente. A gente volta ao trabalho com a mente relaxada, pronto para mais uma
hora de enfrentamento. (O único prejuízo é do corpo, que continua escravizado
ao teclado e à cadeira giratória.)
Estou
perdendo meu tempo? Não acho. Perdia muito mais quando tinha TV na sala e no
quarto e, sob o pretexto de “descansar a coluna”, me deitava às 3 da tarde nas
almofadas, ligava a Máquina de Fazer Doido, e só emergia dali quando começava a
novela das 8, porque afinal tudo tem um limite. Cinco anos atrás eu via uma
média de 5 a 6 horas de televisão por dia; hoje em geral vejo quatro por semana
(um jogo na quarta, outro no domingo, e olhe lá.)