A pulp fiction tem autores invisíveis, que se multiplicam
por toda parte. “Já cheguei a encontrar 15 títulos meus em uma banca, assinados
por diversos autores,” diz Rubens Francisco Lucchetti, tão conhecido entre os
fãs do Horror quanto Zé do Caixão.
No Brasil não era comum, quando ele começou a carreira há 60
ou 70 anos, o escritor pulp que hoje está roteirizando quadrinhos,
amanhã escrevendo uma novela de rádio, publicando um romance, reeditando contos
antigos, metendo-se com cinema. Nosso
primeiro escritor de FC-de-gênero foi Jeronymo Monteiro. “De gênero” por ser uma tentativa clara de
reproduzir aqui as premissas da FC norte-americana, tentativa anunciada com
entusiasmo de fã. Com seu próprio nome
e seus recursos, além do seu pseudônimo Ronnie Wells, ele foi um multimídia, na
linguagem de hoje: radialista, editor, antologista, ficcionista, crítico...
O ubíquo R. F. Lucchetti é um nome que eu cresci vendo por
toda parte e lendo de vez em quando.
Não conheci sua obra tão bem quanto a de Jeronymo. (Deste, eu tinha aos doze anos uma coleção
das aventuras de Dick Peter com 9 volumes, achava que era completíssima.)
Lucchetti atuava mais na literatura de horror, que sempre li menos que FC. Na página de uma matéria recente sobre ele
no Uol (aqui: http://bit.ly/1rx25m4)
aparecem as capas de alguns livrinhos de bolso de terror, apenas alguns entre
centenas e centenas de títulos. “Noite Diabólica – contos macabros” era um
deles, cuja capa lembrei de cara. Não
lembro se foi ali que vi minha primeira referência sobre Ray Bradbury, um
resumo comentado de sua carreira, ilustrado por desenhos.
Não li os romances mais famosos de Lucchetti, que me parecem
ser “O Crime da Gaiola Dourada” e “O Fantasma do Tio William”, mas devo ter
lido dezenas dos seus terrores góticos, seus calabouços, seus zumbis, seus
sacerdotes de cultos indizíveis, em livrinhos vendidos nas bancas há 50 anos, feitos
em papel jornal, do tamanho de um folheto de cordel. Lucchetti, que tem 84
anos, pertence a um mercado editorial muito diferente do de hoje.
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