Isaac Bashevis Singer é um excelente contista de origem judaica. Parece que foi o primeiro escritor no idioma iídiche a ganhar o prêmio Nobel (em 1978). É conhecido por sua obra para adultos, da qual já li uns dois volumes de contos excelentes sobre o cotidiano de pessoas excêntricas. Alguns dos seus contos fantásticos produzem um clima inesquecível de estranheza, de um terror sem monstros.
Singer escreveu para crianças também, embora eu nunca
tenha avaliado essa parte de sua obra. O que me atraiu foi esta curiosa lista
que ele intitulou “Por que comecei a escrever para crianças”, que tem algumas
indicações importantes para que se dedica a essa atividade que tem algo de
cabra-cega. Eis os itens listados por ele, durante o seu discurso no banquete do
Nobel, em Estocolmo:
“1) Crianças leem livros, não leem resenhas de livros.
Elas estão se lixando para as críticas. 2) Crianças não leem para descobrir a
própria identidade. 3) Elas não leem
para se libertar da culpa, para saciar sua sede de rebelião, ou para se livrar
da alienação. 4) Elas não veem utilidade na psicologia. 5) Elas detestam sociologia. 6) Elas não tentam entender Kafka ou o
“Finnegans Wake”. 7) Elas ainda
acreditam em Deus, família, anjos, demônios, bruxas, goblins, lógica, clareza,
pontuação, e outras coisas obsoletas. 8)
Elas gostam de histórias interessantes, e não de comentários, guias de leitura
ou notas de rodapé. 9) Quando um livro
as entedia, elas bocejam abertamente, sem nenhum constrangimento e sem medo de
alguma autoridade. 10) Elas não esperam que seus escritores mais queridos
salvem a humanidade. Jovens como são, elas sabem que ele não tem esse poder.
Somente os adultos mantêm ilusões tão infantis.”
Ótimo texto. É isso mesmo, do 1 ao 10.
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