Eu estava sentado com Zé Maguinho no Bar da Tripa. Eram
treze horas pingantes de sol na moleira do tempo. Na mesa à nossa frente a rapaziada veio depositando o isopor em
forma de bala de canhão, as duas tigelinhas fumegantes de fava com charque, o
limão recém-cortado, a pimenta boquinha, a pimenta lavareda, a farofa torrada,
e as duas lapadas de Matuta que erguemos um para o outro com solenidade,
fizemos tim, e vupt.
O Brasil não sabe, mas Zé Maguinho é o maior craque surgido
em Campina Grande depois dos abalos sísmicos da tal Copa de 2014, por uma série
de razões, dali em diante os campeonatos regionais voltaram a ser os centros da
atenção e da felicidade geral, pois quando um cara nasce pra ser torcedor nunca
lhe falta alguém por quem torcer. Zé Maguinho, armador estilo clássico, foi
tricampeão 2016-17-18 pelo Treze. Alto, magro, estilo de guerreiro zulu, lá no
São José ele lembrava o saudoso Assis, e em Zé Pinheiro o saudoso Araponga. E
dito isto, está dito o mais importante.
A gente tinha estudado juntos no Estadual, foi companheiro
de farra, acompanhei a glória do tri e depois vibrei com a ida dele para o
futebol russo, o mais rico do mundo. Agora ele estava de férias na Serra, e
tínhamos marcado naquele bar, onde ninguém viria tietá-lo. A certa altura,
perguntei pelos pênaltis. Comigo ele comentaria aquilo de peito aberto, o que
não fez na imprensa internacional.
Zé Maguinho tinha perdido dois pênaltis cruciais, jogando
pelo “Racha-zaque”, como ele chamava o time dele. Batedor oficial do time, no
jogo de ida da final perdeu um, no último minuto, com placar 0x0. “O time saiu
de campo morto, mas foi leal comigo,” disse ele. Na final, no domingo seguinte, um pênalte no começo do segundo
tempo... e ele perde de novo. “Peguei muito embaixo”, foi só o que disse. O
time jogava pela vitória. E antes do jogo acabar, novo pênalti. Zé Maguinho
ofereceu a vez. Alguém bateu e fez o gol do título.
Ducaraio, sendo que o último parágrafo é mais ducaraio ainda, e a última frase ducaraíssima! Abração.
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