terça-feira, 21 de janeiro de 2014

3401) "A Química do Mal" (21.1.2014)



Está passando na TV aberta, desde esta semana, o seriado A Química do Mal (TV Record), que nada mais é do que o famoso Breaking Bad que no ano passado encerrou uma carreira vitoriosa de seis temporadas na TV norte-americana.  A conquista mais recente foi na entrega dos Globos de Ouro, em que ganhou o prêmio de melhor série dramática, e o ator principal, Bryan Cranston, o de melhor ator.

BB é uma excelente série de TV, e minha única preocupação é que seus fãs mais entusiasmados fazem um escarcéu tão grande (“A melhor série de TV de todos os tempos!”, etc.) que o pessoal começa a assistir esperando ver algo transcendental e se logo se decepciona.  Elogios entusiasmados trabalham contra, muito mais do que se pensa. Criam uma expectativa fantasiosa, que nunca se realiza.  A gente fica esperando algo que vai transformar nossa vida, alterar todos os nossos parâmetros de qualidade artística. Aí, vê uma série de TV muito boa... e sai dizendo: “Que série fraquinha!”.

Não costumo ver séries, de modo que minha avaliação não é comparativa, falo apenas do impacto pessoal.  É uma série policial, basicamente realista (com alguns momentos de grotesco e de bizarro, principalmente na primeira metade), cujo enredo é simples o bastante para manter uma história compacta, coesa, e ao mesmo tempo permite reviravoltas, pois a história completa da série acontece ao longo de uns três anos, acho, da vida dos personagens.  Existem transformações notáveis de personalidade, para melhor e para pior, os atores são bons, inclusive os eventuais.  Tem crime, droga, violência, mas é uma série de situações de suspense, e de longas e sofridas decisões morais, mais do que uma série de tiroteios.  Os tiroteios são poucos e cirúrgicos. Há muitos crimes cruéis, alguns deles menos por sadismo do que por incompetência do assassino.

O professor de química, todo nerd, todo bundão, de repente se transforma num cientista louco e logo depois num líder de gang.  Walter White é o médico e o monstro nessa história de descida aos infernos.  A ambientação em Albuquerque (Novo México) dá um perfil único à história e ainda fornece uma cidade pequena o bastante para certas coincidências não serem tão espantosas.  Nas duas primeiras temporadas a série usa uma imaginação selvagem e bizarra, quase de filme dos irmãos Coen ou de romance de Bolaño; depois vai se fechando em thriller policial e psicológico mais realista, tipo Dennis Lehane. Trama e diálogos geralmente são muito bons, não sei como vai ser a dublagem. O subtítulo A Química do Mal é desajeitado, mas é um preço a se pagar pela manutenção do nome original, para não haver dúvidas.


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