Os
críticos defendem há muito tempo o conceito de que, em grande medida, a beleza está
no olho de quem vê. Isso tem uma força
tão grande que é possível alguém enxergar beleza até onde não foi feito nenhum
esforço para criá-la. É aquela beleza involuntária, ou aleatória, que podemos
encontrar em manchas de lodo, num muro antigo todo descascado, nas manchas no
interior de um tronco de madeira, em formações naturais (rochas, corais,
nuvens) ou na estrutura microscópica de minúsculos insetos ou plantas. Olhamos
para aquilo e vemos belas combinações de cores e de formas, vemos harmonia,
vemos simetria, vemos elementos visuais que nos dão aquela velhíssima sensação
expressa no velhíssimo clichê: “Parece uma pintura!”.
Pode
ser beleza, mas, segundo os teóricos, não é arte, porque a arte pressupõe a
intenção de criar a beleza, ou pelo menos de criar algo que impressione nossos
sentidos e nossas emoções (expor um mictório numa galeria, como fez Duchamp). Existe
sempre alguém por trás da obra de arte, por mais aleatória que ela pareça, como
naqueles quadros que não passam de uma porção de tintas derramadas ao acaso
sobre uma tela. Alguém posicionou a tela, alguém escolheu as cores das tintas,
alguém iniciou e depois interrompeu o processo que se supõe aleatório. Pode não
ser uma grande obra de arte, mas é obra de arte, sim, senhor. Alguém acaba
gostando e até pagando cem mil dólares pelo resultado.
Este
vídeo (http://bit.ly/1jjQ5RX) mostra uma
maneira interessante de produzir arte. O sujeito encontra um formigueiro
abandonado, vazio, e derrama dentro dele um galão de alumínio derretido,
fumegante. O alumínio vai se esgueirando pelos corredores do formigueiro, e,
depois de alguns minutos, se solidifica lá dentro. Resta ao artista cavar em
volta, arrancar do chão aquele objeto com mais de meio metro de diâmetro, e depois
aplicar sobre ele uma mangueira com jato dágua sob pressão, desprendendo e
lavando toda a terra, deixando apenas o metal solidificado e frio que há no
interior.