domingo, 27 de outubro de 2013

3328) Uma tarde de domingo (27.10.2013)




Dona Valquíria abriu o forno, tocou na pizza com um garfo e calculou mais dois minutos. Fechou o forno e foi até a sala. Checou o relógio da parede e viu que faltavam cinco minutos para o maldito futebol. Seu Elói estava diante da TV: ajeitou as almofadas, depois colocou o controle remoto do lado direito, a lata de cerveja (ainda fechada) sobre a mesinha, começou a limpar os óculos da beira da camiseta. “Perdi a hora”, pensou ela, “era pra ter ligado o forno uma hora atrás, mas Vilminha me telefona logo hoje para dizer que o avô morreu”. (What kind of atmosphere do you think the author wants to create? What is the story going to be about? What kind of story might it be? What are the most important things you have noticed so far?) 

“Quem joga hoje, amor?” perguntou ela por mera diplomacia. “Adivinhe”, murmurou ele, olhos aparafusados na tela. Ela sentou no sofá, pousou a mão no joelho dele, olhou a tela disposta a participar. Tudo por um domingo sem tensões, pensou ela. Seu Elói abriu a Skol, a espuma espirrou, ele virou um gole e disse: “Toda a história da humanidade foi um preparativo para hoje à tarde. É hoje ou nunca. Ou a gente ganha ou eu vou enfartar.” (Have your expectations changed at all?  What words begin to increase the tension of the story?) 

Dona Valquíria sorriu e disse, “Ah, Elói, lá vem você com drama. É só um jogo.” Ele deu um gole, beijou o rosto dela e disse: “É o jogo da classificação, deixa eu ficar alegre antes, porque não sei como vou estar depois.” “Tudo seu é um drama”, disse ela retribuindo o beijo, e foi conferir o forno. (What do you think will happen now? Is there more tension now? What has caused it?) 

Ela trouxe dois pratinhos, com talheres, e duas fatias triangulares de pizza. “Calabresa,” pediu ele, de olhos na tela, onde a bola já rolava. Ela olhou a imagem, perguntou: “O jogo é aqui em Campina?”. Ele: “Não, é lá no chiqueiro deles”. “Vamos cruzar os dedos,” disse ela, mastigando e sinceramente torcendo para o Treze ganhasse. “Incrível,” pensou ela, “como os homens se deixam arrebatar por uma narrativa coletiva... Vou ver o jogo, e 2ª.feira faço algumas brincadeiras com meus alunos... Tem que haver uma ponte para atrair esses meninos de hoje para a Literatura Inglesa do Século XIX.  Quem sabe vendo futebol eu consigo entender melhor o elemento épico ou trágico em Joseph Conrad ou em Kipling?...” (What did you think of the last line? Is the ending hinted at earlier in the story in any way? Did you enjoy the story? Does the ending raise more issues, or close the argument? Is it a story you will remember? If so, what are the elements that make it memorable?)


4 comentários:

  1. As mulheres é que são sábias por não gostarem de futebol.Como é que a pessoa sai no tapa por causa de um time? futebol só aliena.Aí tem jornalista que cita Nelson Rodrigues...é eles vão querer saber quem é Nelson.Eles querem é saber do gol olímpico.Mesmo sem saber de onde vem essa palavra.

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  2. Quem disse que mulher não gosta de futebol?? É a melhor maneira de (tentar) compreender o universo dos homens!!! Além disso, elas também jogam hj em dia!!!! ;)

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  3. Eu não disse que as mulheres não gostam, Claudinha. Quem não gosta é Dona Valquíria, que é uma professora universitária, muita culta, e que por acaso nunca vivenciou essas coisas.

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