(Andreas Paul Weber, O boato)
A fofoca corresponde a uma atitude mental
infantilóide e maligna, de quem se auto-gratifica com pequenas maldades (porque
até as grandes maldades exigem algum tipo de grandeza).
A fofoca tem duas
faces. Uma é a fofoca verdadeira: você descobre alguma coisa negativa
(comprometedora, constrangedora, problemática) sobre alguém e espalha essa
informação, pelo prazer mórbido de ver exposto em público o deslize ou o desvio
de conduta de alguém com quem não simpatiza. (Ou mesmo de uma pessoa qualquer –
muitas fofocas são propagadas com indiferença para com a pessoa que está sendo
alvejada, apenas pelo prazer de prejudicar alguém, como quando a galera jogava
um plástico cheio de mijo na arquibancada do Maracanã).
Outra face é a fofoca inventada. Talvez seja melhor chamá-la de “fase”, porque
parece ser um estágio que vem depois do outro, uma espécie de pós-graduação. O
prazer de estragar (ou pelo menos atrapalhar) a vida alheia é tão grande que o
fofoqueiro não pode ficar à espera de que alguma coisa denunciável aconteça.
Parte logo para a invenção, e quando é assim, sai de baixo que vem tijolo.
A fofoca se reflete naquela figura jurídica chamada
de “calúnia, injúria e difamação” (existe aliás uma distinção, entre estas
categorias, que até hoje me escapa.). Nasce de um prazer perverso e sem
proveito externo, como o de um garoto que se diverte trocando o conteúdo do
saleiro e do açucareiro, escondendo a carteira do pai, queimando insetos com
álcool, afrouxando o degrau de uma escada. Tem gradações de seriedade que vão
desde a travessura e a peraltice até o crimezinho sádico, que pode indicar uma
psicopatia qualquer.
A fofoca, praticada com requintes de premeditação e
de estratégia, é uma forma de tiro pelas costas. É o passatempo de mentes
mesquinhas que por autodefesa querem amesquinhar tudo à sua volta. A reação do
sujo que só sossega quando prova que o "limpo" é um mal-lavado.
A fofoca é, a rigor, um
subproduto da vida helmíntica, parasitária, de quem se nutre da existência
alheia e fica mais feliz com um fracasso alheio do que ficaria com um triunfo
próprio. Ninguém está a salvo dela, ninguém tem a certeza de que nunca será sua
vítima ou seu praticante.
eu acho que quem faz fofoca,é uma pessoa de alma inferior.
ResponderExcluireu pensei em fofocar sobre o uso de um vocabulário tão articulado como 'helmíntica' conseguir ofuscar o ortografia errada da palavra 'indiscreções', mas depois do texto achei melhor não. hehe
ResponderExcluirSeria "indiscrições", náo é? Sempre erro esse tipo de coisa. Valeu!
ResponderExcluir