(by Ralph Eugene Meatyard)
A morte repentina do Conde d’Aureville, em 1897, emocionou a
Bretanha inteira, e ao seu funeral compareceram autoridades de oito países. Era
autor de romances, de crônicas da corte, e de uma vasta correspondência com
fidalgos e damas de toda a Europa. Sua coleção de documentos políticos foi
doada ao Vaticano, mas sua biblioteca pessoal era o deleite dos pesquisadores
de muitos países. Uma noite, no salão octogonal da biblioteca, estavam
pesquisando documentos e fichários dois biógrafos (o húngaro Besolz e o alemão
Scarblitz) e uma estagiária (a canadense Strumm). Os três trabalhavam a uma
distância mediana entre si, por entre as estantes e arquivos. Naquela noite,
foi como se uma mão gigantesca tivesse girado num botão. Houve como que uma
ionização na atmosfera, o ar estralejou de energia, como se um toque de ponta
de dedo emitisse um raio.
Eles se refugiram correndo junto à mesa central do aposento,
onde a turbulência parecia ser menos intensa. No centroda sala, numa cascata de
tremulações coloridas, apareceu o Conde d’Aureville. Sobranceiro, fornido, o
chapéu de pluma arrogante, os copos da espada pronta para o desembainhar. Mas
estava sereno, e olhou nos olhos cada um dos três intrusos. Sua voz era calma.
Deu a cada um o direito a uma pergunta.
Besolz ergueu o braço. “Sire, estou consultando vossa
correspondência, mas não sei quem é a tal Sereia que vos escrevia tanto.” O Conde o encarou e disse: “Se és pesquisador
mesmo basta dizer: é a mesma que um dia dirá sob outro nome que aprendeu comigo
a amar a noite.” Besolz assentiu
devagar, com uma cara de quem já conseguiu metade do que queria.
“E tu?”, perguntou o Conde. “Mais de mil cartas militares,”
queixou-se Scarblitz. “Tenho estudado muito mas não entendo tantas manobras,
tantos armamentos, tantas combinações.” “Nem eu,” disse o Conde. “Limitei-me a
copiar as cartas de uns generais para os outros, e dos outros para os uns. Ser
político é ter uma dedução correta sobre o que acontece, com dados colhidos
pelos outros.” O homem ficou calado. O Conde continuou: “Esquece isso. Procura
minhas cartas com os ministros da Polônia e da Transbalcânia. Todo o resto é
consequência dessas.”
O senhor Bezouro, o senhor Escaravelho e a madame Estrume formam um trio intrigante, já que ela é um elo de interesse para os dois rolabostas.
ResponderExcluir*Besouro.
ResponderExcluirBraulio, você é "o gênio da raça".gosto de tudo que você produz.será que um dia faremos contato?
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