(Antonio Cândido)
Uma entrevista recente do crítico literário Antonio Cândido (http://bit.ly/qVH0r1) ao jornal Brasil de
Fato andou dando o que falar nas redes sociais, onde há muita gente que ouviu
o galo cantar e não apenas não sabe onde, mas desconhece o que seja um galo e o
que seja um cocoricocó. Pensa que ouviu a buzina de um carro.
Cândido afirmou, com a simplicidade com que fala de literatura, que o socialismo é uma doutrina triunfante, porque deve-se a essa doutrina a maior parte das conquistas sociais coletivas do nosso tempo.
Muita gente acha que “ser triunfante” é conquistar o Poder, a Presidência da República, o Trono, ou então ter mais dinheiro, mais bancos ou mais exército.
Cândido afirmou, com a simplicidade com que fala de literatura, que o socialismo é uma doutrina triunfante, porque deve-se a essa doutrina a maior parte das conquistas sociais coletivas do nosso tempo.
Muita gente acha que “ser triunfante” é conquistar o Poder, a Presidência da República, o Trono, ou então ter mais dinheiro, mais bancos ou mais exército.
Diz Cândido:
“O que é o socialismo? É o irmão-gêmeo do capitalismo, nasceram juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no começo. Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de madrugada com o chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a aparecer o socialismo.
Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser explorado. Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo... tudo isso. Esse pessoal começou a lutar, para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para as crianças. Coisas que hoje são banais.”
“O que é o socialismo? É o irmão-gêmeo do capitalismo, nasceram juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no começo. Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de madrugada com o chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a aparecer o socialismo.
Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser explorado. Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo... tudo isso. Esse pessoal começou a lutar, para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para as crianças. Coisas que hoje são banais.”
Se alguém fosse esperar que os capitalistas criassem
creches, dessem plano de saúde, garantissem salário-mínimo e carteira assinada,
etc., ia morrer ao relento. O Capitalismo só fez essas concessões porque foi
pressionado pela ameaça socialista; preferiu entregar os anéis para não perder
os dedos.
O Capitalismo, então, é a encarnação do demônio? Não: é a encarnação do Homem, de seu impulso de criar, de competir, de produzir, de crescer, de ser melhor, de ser maior, de lutar, de acumular e multiplicar. Só que esse é o nosso lado egoísta, individualista, reptiliano. Precisa ser contrabalançado pelo nosso lado gregário, solidário, compassivo, capaz de enxergar os interesses do grupo e não apenas os do indivíduo. Um equilibrando o outro.
O Capitalismo, então, é a encarnação do demônio? Não: é a encarnação do Homem, de seu impulso de criar, de competir, de produzir, de crescer, de ser melhor, de ser maior, de lutar, de acumular e multiplicar. Só que esse é o nosso lado egoísta, individualista, reptiliano. Precisa ser contrabalançado pelo nosso lado gregário, solidário, compassivo, capaz de enxergar os interesses do grupo e não apenas os do indivíduo. Um equilibrando o outro.
Exclente visão, nunca tinha pensado dessa forma! A ciência fala que a burocracia surgiu da neessidade de criar o mercado consumidor e de fundar normas para um mundo industrial, democrático. Mas o cara aí foi mais além!
ResponderExcluirAo final do capitulo, eu pus o livro como travesseiro, fiquei a observar as nuvens formando cenas do que eu lera. No primeiro ato: várias facas traziam mãos dizimando pessoas. A cena foi interrompida por um passarinho berrando que atrás da barricada estava Bakunin com seus rios de sangue e promessas de vitória.
ResponderExcluirQuando moscas luminosas ocuparam boa parte das cenas devido ao sol, eu dei por suficiente esse meu contato com o nada. Levantei os olhos, esmiuçava as ideologias vermelhas novamente.
Bati a mão com raiva no banco de cimento, daquela praça ruim, para acordar, pois quem foi o imbecil que não soube avaliar o valor do tempo em relação ao dinheiro? Na segunda batida, o segundo imbecil que trocara a verdade por porcos à pururuca.
Na terceira batida, o banco de cimento soou um som metálico, e não o som seco e abafado como esperado, era um bater na lata. Estou em submarino? Ouço os tripulantes de um navio russo morrendo afogados, indivíduos únicos morrendo de forma coletiva, ou enterrando Stalin, ou compactuando com Trotsky, ou simplesmente: fugindo.
Quem quer morrer engolindo o sangue dos próprios pulmões após o corpo atravessado por uma picareta, Trotski? O socialismo é improvável, quem quer ser o herói de uma pátria e um anti-herói de si.
Nunca haverá outro Lênin, não importa quantos seguidores enterramos, Lênin será enterrado uma única vez.Acabou.
Daí, o passado é passado, nada disso precisará ser revivido: abri minha noz-de- cola, comprei um sanduíche de minhoca no W invertido, calcei a liberdade e coloquei os óculos da segurança.
Hoje, afinal, não existe mais patrão x operário. Somos agora colaboradores, vestimos a camisa da empresa, quer algo mais socialista que isto: trabalhar pelo enriquecimento alheio. Uma verdadeira comunhão. De vez em outra, escuto S.O.S, será um submarino desbravando horizontes?
Excelente post que me remeteu à interpretação de Metropolis de que o caminho seria o capitalismo social ("o coração é o elo entre as mãos e a mente"). Os escandinavos entenderam isso há mais tempo.
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