Gosto de registrar aqui na coluna maneiras alheias de ver o
Brasil, principalmente quando são estrangeiros que observam, de dentro, nossa
cultura. “De dentro” significa que aprendem o português, vêm morar aqui, alugam
casa, arrumam emprego, botam os filhos nas escolas, usam o supermercado, o
hospital, a oficina mecânica, o correio. A gente só entende uma cidade
(estrangeira ou não) quando vive nela dessa maneira. Pra mim não cola esse papo
de viajar para uma cidade, ficar num hotel, conhecer meia dúzia de praias,
shopping-centers e restaurantes, e depois voltar para casa. Turista não conhece
nada, turista passa através.
Ethan é um norte-americano do Colorado que viveu em Belo
Horizonte e publicou num blog (http://bit.ly/137suZA)
suas opiniões sobre nosso povo. Ethan se admira com nossas frutas (“o Brasil
tem mais variedade de frutas do que qualquer outro país do mundo”) e com o fato
de que “almoço, aqui, é sempre feijão, arroz e mais alguma coisa”. Ele acha o
brasileiro “o povo mais hospitaleiro do mundo”, e observa que a qualquer
momento que encontra alguém comendo ou bebendo a pessoa o convida a
compartilhar. Ele se admira de que no Brasil a cerveja (“a cerveja brasileira é
a mais gelada do mundo”) seja uma bebida coletiva: “Pede-se uma garrafa grande
para a mesa, e vários copos, e quando seu copo fica vazio e você quer enchê-lo,
enche primeiro os copos das outras pessoas; não já falei como os brasileiros
são amigáveis?”.
Ele estranha que as pessoas tomem café em copinhos de
plástico, não só porque queima os dedos, mas porque a bebida quente libera componentes
químicos. Constata que por toda parte há coisas quebradas ou fora de uso, mas
isso é normal no Brasil, a pessoa se acostuma: “agora, acho graça quando ouço
os gringos reclamando”. Para ele, contudo, é esquisito ver numa loja cinco
caixas e só uma pessoa atendendo, e ver na quitanda cinco pessoas atendendo e
somente uma caixa registradora.
oxe,cabra,entao emprega,oras!
ResponderExcluir