Lafayette Ronald Hubbard nasceu em 1911 e durante anos foi
um dos colaboradores mais entusiastas e mais prolíficos de revistas de pulp
fiction como “Unknown”, “Astounding Science Fiction”, etc. Atribui-se a ele uma
das frases mais famosas da FC: “Estou cansado de escrever FC pra ganhar uma
merreca. Vou fundar uma religião e ficar milionário”. Foi o que aconteceu a
partir de 1950, quando ele criou a famigerada Dianética, uma mistura de
psicanálise e auto-ajuda. Suas promessas de saúde mental e quem sabe até
superpoderes psicológicos arrebataram um grande número de pessoas, inclusive
escritores como A. E. Van Vogt, John W. Campbell, etc. Hubbard ficou mesmo
milionário, mas brigas internas entre os administradores do grupo o fizeram
trocar em 1952 o termo Dianética por Cientologia, uma igreja paracientífica
ainda hoje em plena atividade.
A melhor coisa que já li de Hubbard é a noveleta “Fear”
(1940), uma arrepiante história de horror sobre um professor universitário que
constata, de repente, um buraco na própria memória: quatro horas seguidas onde
ele não lembra onde estava nem o que fez. Suas alucinações “dickianas”, sua
progressiva destruição psicológica, e a presença constante (diálogos que o
leitor lê mas o personagem não percebe) de entidades misteriosas – tudo isto
faz do livro uma curta e compacta obra-prima do gênero.
Nos anos 1980 Hubbard lançou uma “decalogia” intitulada
“Missão: Terra”, dez volumes dos quais traduzi os dois primeiros (“O Plano dos
Invasores”, “Gênesis Negra”). É uma mixórdia indescritível de pulp fiction dos
anos 1930, prosa auto-indulgente repleta de encheção de lingüiça, e um
humorismo adolescente que faz o “Mochileiro das Galáxias” soar como FC
existencialista francesa. Os méritos que tem são do gênero, não do autor:
aquele divertido vale-tudo imaginativo que arrasta o leitor consigo pela mera
sucessão vertiginosa de peripécias, situações absurdas, reviravoltas
incessantes. Os ziguezagues constantes do enredo (infelizmente travado o tempo
todo por diálogos longuíssimos e descartáveis) nem nos dão tempo de questionar
a burrice obrigatória dos vilões e a cascata de coincidências que não cessa de
favorecer o mocinho.
Braulio,eu estou lendo Fred e o estranho e tem um conto que é no muito bom, o tal Da A aranha. Eu não conhecia, mas é bom demais.
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