& quando ele
abriu o guarda-chuva desabou lá de dentro o maior toró &
dizem que para acabar todas as guerras bastaria desativar meia dúzia de
preposições & plantei um botão e nasceu um cabide, plantei
uma ratoeira e nasceu um Banco 24 Horas
& um dia os livros deixarão
de ser assinados e serão lidos como se come uma fruta, uma coisa que ninguém
fez & estou organizando uma máfia do bem, para fazer boas ações às
escondidas & não existe nada mais ofensivo do que ser
considerado um cara inofensivo
& um dia consiste em seis
horas de treva, doze de luz, e seis de treva de novo & do jeito que a
coisa vai, os shoppings vão começar a cobrar pedágio em escada rolante &
um marca-passo para o cérebro não seria má idéia &
confessionários com alçapões, cuja mola o padre aperta se o pecado é
muito feio & um dia, não existirá na superfície da Terra
outra coisa senão oceanos e cidades
& uma câmara de vigilância
em cada esquina, em cada portaria, em cada porta, em cada testa &
não ganho nada em falar mal da velhice, uma vez que é para lá que estou
indo & ter a humildade de um PhD que se dedica a estudar helmintos &
quando a gente finalmente entende uma coisa, quer dizer que ela
acabou & na dúvida, grite: “você não passa de um lamelibrânquio!”, e saia
correndo & não é a outra volta do parafuso, é o último
aperto do garrote vil & tem político tratando cartão de crédito como
se fosse o controle remoto de Deus
& melhor fechar essa janela
e pintar outra paisagem pelo lado de dentro
& a boa pergunta já mostra a
direção da resposta & toda dança ou é uma sublimação do sexo ou é
uma preparação para ele & se o mundo fosse um lugar justo, choveriam
bigornas de vez em quando & este livro deveria se intitular “Melhores
Momentos de um Naufrágio a Longo Prazo”
& quando o telefone toca,
tanto pode ser a ressurreição quanto a guilhotina & toda estatística é
uma foto desfocada de uma situação
& estoicismo não é apenas suportar
a dor, é também menosprezar o prazer
& a vida é um suicídio a
prestações auto-renováveis & tem sujeito tão burro que uma lobotomia o
deixaria mais inteligente & quem esquece o seu passado está condenado a
nunca sair dele & a arte de criar passarinhos em gaiolas
abertas & houve um tempo em que sacolejar em carruagem era o ponto alto do
conforto & nunca é cedo demais para dormir até mais
tarde & se eu tivesse um milhão de dólares, ficaria motivado apenas a
ganhar o meu próximo milhão de dólares
& enquanto a banda tocar é
sinal que o navio ainda não afundou
& o melhor lugar para se
esconder da polícia é na cadeia &
Havia um livro (sei, porque me foi presenteado e, vá lá, li). Bem, o livro era um desses, aí, manuais de esoterismo (tá certo, esoterismo?). Tá, mas tinha o livro e o livro ensinava a criar métodos divinatórios. Tinham títulos: Esquema 1, esquema 2 e assim por diante. Como? Era só escolher um texto consagrado, quer dizer, consagrado o cão, bastava ser conhecido. O Tao-Te-King, Provérbios de Salomão, Popol Vuh, Ulisses, encíclicas papais, Discurso de Gettysburg?, Catilinárias, Kalil Gibran, Schopenhauer, Cego Aderaldo. Bem, um texto aí qualquer. Depois se dividia o texto utilizando-se qualquer modelo ao gosto do freguês: por frases; por cada primeira palavra de um parágrafo; inversão de períodos (os primeiros seriam os últimos e os últimos....). O importante era isolar um texto coerente, mas sem que a coerência desse muito as caras. Bastava resultar misterioso, profundo, enigmático. Depois era só escolher e utilizar um dos muitos métodos de consulta aleatória oferecidos e, eis lá, você já tinha seu próprio sistema divinatório para o seu deleite e quem sabe o de outros. É. Tem nada a ver com o teu texto. Bons dias.
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