Não li o romance em que se baseou este filme de David
Cronenberg. O filme tem tantos diálogos interessantes e frases tipo guilhotina
(aquela que faz vapt! – e joga você no espaço) que deu vontade de ler o livro
original. Nunca cheguei ao fim dos dois livros de DeLillo que tenho, e o
curioso é que o acho um excelente escritor. Talvez seja mesmo, e eu é que sou
um leitor relapso. Talvez ele seja um autor para ser lido num ambiente de
silêncio e concentração, e não na fila do Banco ou durante uma circular do 184.
Cronenberg é um dos meus diretores preferidos, desde os pesadelos
mórbidos do começo da carreira até os seus recentes thrillers, rudes e
impiedosos (Marcas da Violência, Senhores do Crime). Cosmópolis me
lembrou em certos momentos o Crash – Estranhos Prazeres (1996), baseado em J.
G. Ballard, onde ele mostrava um grupo de pessoas com obsessão sexual por
automóveis e acidentes. Cosmópolis sugere pelo título uma compressão de
espaço: o universo comprimido numa cidade, a cidade comprimida no interior de
um carro. Eric Packer (Robert Pattinson) é um bilionário de 28 anos, o que
significa dizer que ele só tem uma idéia muito vaga de por quê se tornou
bilionário. O hipercapitalismo gera tanta riqueza virtual que ela tem que ir
para as mãos de alguém; é como a Mega-Sena. Alguém acaba ganhando. Cada um tem
seus truques na arte de fabricar fortunas na especulação financeira; os que
ganham não precisam ser os mais inteligentes ou mais capazes. Geralmente são (como
Packer) meros manipuladores de pessoas talentosas.
Achei Libra, do DeLillo, num balaio e a leitura está ótima. Recomendo esse, se já não for um dos dois livros que você tem.
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