Isto me volta à mente com o lançamento recente de Edgar
Allan Poe, o Mago do Terror de Jeanette Rozsas (Melhoramentos). É um livro
agradável, muito ilustrado, com cronologia e bibliografia, e, até onde pude ver
(não li o livro todo), dramatiza de maneira não-invasiva os fatos conhecidos da
vida de Poe, um dos escritores mais biografados e mais estudados do mundo (até
eu já fiz um livro sobre ele). Poe se relacionou e se correspondeu com centenas
de pessoas que deixaram testemunhos escritos sobre sua convivência. É possível
reconstituir encontros que teve com A ou B, diálogos, reuniões, conferências
que proferiu, fatos da sua vida pessoal, etc.
O biógrafo-romancista tem em mãos duas ou três versões incompletas de
uma briga de Poe com Fulano, por exemplo; cabe a ele escrever a cena como se a
tivesse presenciado, tentando manter-se fiel aos documentos que são de
conhecimento público, e usando sua “licença para mentir”, mas mentir no bom
sentido – preencher com material “neutro” os trechos que ninguém sabe como
aconteceram.
Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.