A atual crise financeira, depois da catástrofe de 2008, foi
provisoriamente neutralizada, mas com efeitos colaterais gravíssimos, como se
pode ver na quebradeira geral de países como Grécia, Portugal, Espanha e
outros. Para que os Bancos (envolvidos em absurdas negociatas) não fossem todos
à falência de uma vez só, o que de certo modo acabaria com a civilização como a
conhecemos, os governos injetaram ali trilhões de dólares e de euros que
precisam vir de algum lugar. De onde vêm? Dos programas sociais e
previdenciários dos países. Ou seja: para curar a doença vai ser preciso matar
o paciente.
Revi The Corporation (2003, de Mark Achbar e Jenniffer
Abbott, http://bit.ly/id3zO1), um
documentário que prova, a seu modo, que as grandes corporações são semelhantes
aos psicopatas criminosos: pensam apenas no próprio benefício, ignoram acordos,
não dão importância ao sofrimento alheio, etc. Vi e comentei aqui Trabalho
Interno (2010, de Charles Ferguson, http://bit.ly/arg7hS),
analisando a crise de 2008: em consequência da desregulamentação da especulação
financeira, as empresas produziram lucros fantásticos para si e para seus
executivos, mesmo sabendo que aquele dinheiro inexistente teria que ser coberto
mais cedo ou mais tarde – pela população, é claro.
Agora, vi este longa de estréia de J. C. Chandor, em 2011 (http://bit.ly/SVR2ge). A história se passa ao
longo de dois dias de crise numa grande financeira que parece ter sido
inspirada na Lehman Brothers, uma das vítimas de 2008. Um funcionário alerta
seus chefes que a firma está prestes a falir pelo acúmulo de “papéis sem
valor”. Segue-se uma tensa rodada de reuniões e negociações internas que se
estende madrugada afora, e na qual rolam várias cabeças na estrutura de
comando. A firma opta pela solução mais catastrófica, mas a única que pode
salvá-la: vender todos os papéis, de uma vez só, no dia seguinte – e recuperar
parte do dinheiro, antes que o mercado perceba o que está sendo feito. Com
isto, é claro, a firma escapa, mas arruína seus clientes e provoca o “estouro da
boiada” no mercado. O que aconteceu.
Bráulio, pegando carona nessa sua consideração final sobre a ligação entre o presente e estes filmes, você não acha que as novelas não tem tentado fazer algo parecido ultimamente? Não digo refletir sobre o presente porque seria forçar a barra, mas retratar (com todas aquelas limitações: roteiro feijão com arroz, mocinha e mocinho apaixonados, blá blá blá...)um pouco do que está acontecendo. Principalmente essa ascensão de um novo grupo social, a tal da "classe C". Claro que tem um dedinho de interesse no IBOPE aí, mas será que isso é o indício que de as telenovelas hoje abriram novamente (ainda que com um pouco de remela, mas vá lá) para nossa realidade?
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