Os
super-vilões da narrativa popular são encarnações monolíticas do Mal:
Fu-Manchu, Prof. Moriarty, Dr. No, Lex Luthor.
O desafio da literatura contemporânea é criar vilões que exprimam o lado
maligno do mundo mas tenham também uma dimensão realista, para torná-los
acreditáveis pelo menos durante o tempo da leitura. Se a literatura aceitou há
muito tempo o fato de que nenhum herói é sem defeitos, não custa admitir que
nenhum vilão é sem qualidades. Um vilão
que, quem sabe, possa até nos despertar um pouco de identificação, de inveja.
Hubertus
Bigend (BÁI-jend) é o inesperado vilão que William Gibson criou em sua recente
trilogia (Reconhecimento de Padrões, 2003; Spook Country, 2007; Zero
History, 2010). Bigend é um bilionário
capaz de em poucos minutos, ao celular, mover montanhas de dinheiro e mudar a
vida de pessoas cuja existência ele desconhece e minimiza. Bigend não é um paranóico
delirante que quer “ser o dono do mundo”, seja isto o que for. É uma mistura de Eike Batista com Steve
Jobs. Tem uma empresa, a Blue Ant, que
se apresenta como agência de publicidade, de marketing, de investigação de
modas e tendências, mas serve de fachada para suas manobras por baixo do
pano. Fisicamente, Bigend parece com
“Tom Cruise submetido a uma dieta de sangue de virgens e trufas de chocolate”.
Personagens que são a personificação do mal são maçantes. Tal não existe. Seguindo...
ResponderExcluirGostei. Bigend personifica o vilão da era da informação.
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